INÚTIL
Inútil como casca de ferida
e lixo abandonado em plena rua,
como o sobejo, o resto de comida,
como a futilidade que acentua.
Inútil pela estranha e ressentida
brutalidade, nela muito sua,
pela fibrose da alma enrijecida
nos enfisemas que ela perpetua.
Inútil como corpo que envelhece,
ganha volume e informe recrudesce
nas celulites da promiscuidade.
Inútil como a própria substância,
como as estrias fartas na abundância,
na inconsequência e na inutilidade.
|