CANÇÃO DA AGONIA
Tristeza que me traz a mente vã.;
Dor que não sabe o corpo suportar,
Levando-me à agonia do amanhã,
Na eterna luta de não sucumbir
Às vaidades que vem o homem instar,
Sem temer o que lhe dirá o porvir.
Pobre matéria de tão pouca fé!
Doente, cerra os olhos e agoniza,
Fingindo ser aquilo que não é.
Navega em alto mar própria tormenta,
Sentindo o que antes era leve brisa
Soprar-lhe os ares de uma morte lenta.
Oh, bom Deus, da paz faça-me instrumento.
Em meu peito mantenha viva a chama
Do Seu perdão, do meu viver alento,
Às entranhas tornando a antiga calma,
Pois que a lágrima que a vergonha clama
Embarga-me a voz e cala minhalma.
MAURICIO DE MELO PASSOS |