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Contos-->Don Cuervo - Causos e Contos -- 18/03/2004 - 02:05 (Don Cuervo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos








Vamos a Lisboa



Como sempre o dia amanheceu lindo na freguesia de Chão de Couce. Mais lindo ainda porque eu e meu primo fariamos uma pequena viagem a pé até Ancião no distrito de Leiria - Beira Litoral.

Nosso destino mesmo era Lisboa, sim tinhamos 22 anos e ainda não conheciamos Lisboa. Tinhamos parentes por lá e a viagem foi combinada.

Era o ano de 1952, estavamos eufóricos. Sexta-Feira, era setembro, não me lembro o dia. Ás cinco da manhã já estavamos de pé com tudo arrumado do dia anterior. Mamãe preocupada, embrulhou em um bornal alguns pães que comeriamos durante a viagem.

Papai nos abraçou e nos fez últimas recomendações: Cuidado com cidade grande, as raparigas, coisas desse tipo.

Pé na estrada, e vamos nós para Lisboa curtir aquela que seria nossas primeiras férias longe da nossa querida Chão do Couce.

Conversa vai, conversa vem e de vez em quando paravamos em alguma freguesia para descansar um pouco e sempre o lugar ideal era perto de algum ferreiro ou barbearia. Quão surpresos ficavamos de saber que eramos conhecidos por toda aquela região sem mem mesmo termos um dia passado por lá.

Muito bem diziam os anciãos: -Então os gajos são filhos dos Andradas de Chão de Couce ? Sejam bem vindos na freguesia. E lá iamos nós com mais recomendações: - Cuidado com Lisboa, não sei como os Andradas soltam duas crianças que nunca viajaram na vida.

No outro dia às 3:30 da tarde chegamos em Lisboa. A cidade era linda naquela época. Com um papelzinho na mão procuramos de novo uma barbearia para nos orientar. Me lembro até hoje, a barbearia do seu Oliveira estava lotada. Duas cadeiras, uma era do aprendiz que se chamava Dias e cobrava a metade do preço. Quem quizesse arriscar...

Muitos alí eram aposentados ou desocupados que não tinha o que fazer e estavam dispostos a dar informações. Notei um papagaio que comia na porta de entrada e falava besteiras. Soube outro dia que seu Oliveira já aposentou, mas o papagaio ainda está lá, dizem que é o mesmo e o Dias e o titular com um outro aprendiz, o Ferreirinha.

Mas voltando ao assunto, perguntei: - Me diz aí alguém dos senhores, como faço pra chegar a esse lugar aquí do papel ?

Um senhor alto da fala grossa pegou o papel e disse: - Conhece os Andradas ?
- Somos sobrinhos , respondemos.
- Pegue aquele bonde e vai até o fim da linha. Quando chegarem perguntem novamente. É alí perto.

Saimos correndo e meu primo conseguiu pegar o bonde no que eu depois de alguns tropeços fiquei para tráz. Mas não desisti e continuei a correr atráz do bonde com grande incentivo do meu primo, até que o bonde parou no próximo ponto para pegar mais passageiros.

Entrei bastante cansado não podendo nem mesmo falar. Quando fui pagar a passagem o cobrador me disse que não precisava correr tanto visto que não demoraria e outro bonde passaria, mas em uma coisa eu tinha levado vantagem. Seria descontado alguns centavos pelo trajeto que fiz correndo a pé.

Foi aí que o meu primo levantou-se e disse ao cobrador: - Então pare um ponto antes que eu vou a pé, também quero economizar esses centavos.

Don Cuervo






Um que ninguém quer


Certa vez, quando trabalhavamos num hotel apareceu um
hospede muito falante dizendo-se vendedor mas sem explicar
o que realmente negociava.
Disse estar visitando a região e que pretendia a´te mesmo
colocar um representante, visto que o último que para
ela trabalhara o deixou na mão indo para outra empresa
e assim ficando com muito dos seus clientes.

Eu que já tinha serviços demais não me interessei pela
oportunidade que se me oferecia no momento, nem perguntei
o que o tal homem fabricava e vendia.
Apressei-me em fazer sua ficha de hospedagem e leva-lo
até seus aposentos como é de praxe e costume.
Pelo trajeto notei que ele atendia o celualar e falava
com seu interlucutor com uma espécie de código.

Era mais ou menos assim:

-Olha, a numero 7 custa R$ 250,00 com 10% à vista, a número
5 e mais cara, mas dá pra te fazer o mesmo preço.
Sim, a número 1 e bem mais cara, é de luxo, toda forrada
em veludo vermelho com tavesseiro opcional.
Terminando a conversa, virou-se para mim dizendo:
-Tenho feito bons negócios nessa cidade.
Eu disse:
-Que bom. E a conversa acabou aí.
Me veio a curiosidade de perguntar o que aquele
senhor vendia, mas mantive a descrição de sempre.

No outro dia, deixei o meu turno que se encerra as o
ito da manhã indo para o café e la encontrando o hóspede à mesa
deliciando o seu desjejum. Cumprimentei-o dando-lhe
bom dia e desejando-lhe bons negócios.

O recepcionista que me rendeu, um português falastrão
muito amigo meu, era de fazer amigos com a maior facilidade.
Na hora do acerto de contas com o tal hospede o português
agradeceu e disse ao hospede que sempre estaria a sua disposição caso voltasse por essas paragens.
O hospede muito alegremente disse que gostou de todos
na hospedagem e com certeza voltaria sim, pois tarbalhava com vendas e esperava visiatar muito a região.

O português muito pândego lhe disse que o objetivo do hotel
era tratar bem principalmente os vendedores, pois esses sempre os agraciava com um presente de seus
produtos.

O vendedor olhando carinhosamente par portuga disse que
o que ele vendia não gostaria de presentear ninguém. O portuga não se conformando disse para o vendedor.
-Ora pois, não se acanhe, aceiterei seu presente por mais
humilde que fosse.
No que o vendedor disse:
-Mesmo assim não gostaria de presente-lo.
-Por quê? Disse o portuga já meio sem jeito.
-Eu vendo Urna funerária. Disse o vendedor.
-Não me digas !!! Exclamou o português, e sorrindo disse ao vendedor:
E bom o Sr. não me dar esse presente mesmo.

Don Cuervo
21/03/2004




O roubo da Caneta


Certa vez após usar minha caneta Cross, deixei-a como sempre
em cima de minha escrivaninha. Quando voltei a precisar dela,
notei que não se encontrava mais no lugar de costume.

Depois de muito procura-la, cheguei a conclusão de que fora
levada por alguém que a apreciara. Quem seria, quem estivera
comigo naquele dia. Não desconfiei de ninguém. Qualquer dia eu a encontro. Afinal quem levaria uma caneta com a gravação do nome de outra pessoa ?

Alguns anos depois, quando descia a ladeira debaixo de um sol escaldante de dezembro, bem longe de meu escritório, notei ao longe algo que reluzia como ouro.

Chegando perto abaixei e apanhei o objeto, era ela, linda como sempre.

Chegando ao escritório, contei ao meu irmão o acontecido e deixei
a caneta em cima da escrivaninha como a anos atraz. Eis que chega um amigo e vendo a caneta , pergunta sem querer:
- O que essa caneta está fazendo aqui ?

Olhei para meu irmão e ele estava rindo.

Na despedida notei que o meu amigo estava com a mão gelada.






O causo dos Neguím D água



Meu tio que era pescador nos dias de folga e alfaiate de profissão passava a semana a contar estórias de suas pescarias.

-Peguei um peixe deste tamanho que acabou escapando...
-Aquela onça pintada que eu matei caiu dentro d água e não a vimos mais...
-Aquele camarão pitú de dois kilos não era lagosta e...

Entre muitas delas uma se destacou como a mais interessante.

O caso dos neguim dágua.


Contava-nós ele que no Rio Pardo existiam uns neguinhos pequeninos que viravam as canoas dos pescadores incautos e que só desistiam da façanha quando lhes eram cortados os dedinhos com o facão.

Lógico que ninguém dava crédito a tamanha anedota. Mas ele sempre dizia que qualquer dia desses iria trazer um dedinho dos neguim pra provar que não era mentiroso.

E não eh que numa certa segunda-feira meu tio aparece na alfaiataria com um dedinho pretinho embrulhado num guardanapo!

Todo mundo ficou admirado e passamos a acreditar na história e até a divulgar tal acontecimento. A prova do dedinho e assim por diante.

Vários dias depois ficamos sabendo que o vizinho do meu tio havia decepado o dedo do seu irmão menor com um facão quando esse segurava uma abóbora a ser cortada para dar aos porcos. Seu vizinho era pretinho.


Don Cuervo







O Roubo do Relógio


Certo dia deixei meu relógio em cima da mesa de centro da sala
de estar e fui tomar banho. Quando voltei, após meia hora não o
encontrei mais no lugar.

Perguntei a todos de casa e ninguém me deu notícia do referido relógio, um ômega de pulso último tipo. - Alguém esteve em casa hoje ? Perguntei a todos. -Várias pessoas estiveram em casa hoje. Disse a minha mãe.

Esqueci o incidente, comprei outro relógio, não da mesma marca e nem o mesmo valor.

Encontrando com um parente que notou o meu relógio novo recebi
um grande elogio: -Relógio novo no braço ,heim primo. Está podendo heim ! Eu não consigo comprar um velho!

No que eu disse:
- Eh, foi compra forçada, afanaram o meu.
-Não digas. Disse-me ele.

Depois de muito tempo, fomos convidados a uma festa na casa
do referido primo.

Imaginem a minha surpresa, quando foi a copa apanhar um copo
para tomar cerveja. Dentro do armário havia uma caixa vermelha muito bonita, e eu que gosto de caixas e por assim dizer amo o vermelho, abri a caixa.

Sabe o que havia lá dentro ? O meu relógio, ali novinhho após cinco anos e sem corda. Dei corda n ele e percebi que funcionava funcionava. Coloquei-o ao ouvido e ouvi o seu lindo tic-tac.

Não deu outra, roubei-o e o levei comigo.
Esta guardado em casa, nunca mais o usei para não deixar meu
primo corado de vergonha.

Também nunca ouvi dele nem de ninguém que havia desaparecido um relógio de dentro da caixa vermelha na casa do Paul...




O causo do Juaquim Marieta

Juaquim Marieta,
É um cabra porreta,
Quando ignece à fedorenta,
Não há quem aguenta.

Fessô capichaba, radicado no Pernambuco
Naquele agreste onde a marvada é suco.
Por onde passa,
É um deus nos acuda.


Juaquim Marieta fica doidão,
A ponto de querer matar seu irmão
Começou a andar fora da trilha,
Bebe à marvada direto da bilha.

Cabra macho sim sinhô,
Nunca foi ao dotô,
Pra sabê quem é o ordinário.
Foi até presidiário.

Não é de fazê amigo,
Mais os quem tem, sempre lhe dá abrigo,
Cabra safado e insolente,
Vive ludibriando toda gente.

Namorada tinha ele as que queria
Aprontava com elas todo santo dia,
Os pais já não aguentavam mais,
Prometiam que um dia matariam aquele rapaiz

Hoje não se sabe se tem mais,
Porém o anoso continua falando demais,
Adora outras bajular,
Veja seus escritos, não a como negar

Pra cumê nunca se preocupou,
Arguma coisa sempre aprontrou,
Tava sempre na espreita,
Nunca fazia coisa direita.

Começou suas peripécias na Guatemala,
Roubou um porquinho e escondeu numa mala,
Quando o indagavam do pobrezinho,
Desconversava e saia de fininho.

Na Colombia entrou num bar,
Na saida levou as bolas de bilhar,
Garcia Marques foi quem viu,
O danado muntou num burro e sumiu.

Lá pras banda do Macondo,
Vivia apurrinhando todo mundo,
Não havia quem não conhecesse o hiena,
Fervoroso da beata Magdalena.

Marieta é famoso todos falava,
Onde entrasse o pessoal se cagava
Quando no agreste vortava,
Até os milico atormentava.

No Uruguai foi duas vez,
Mas por lá não encontrou freguês
No Paraguay, lá ele também passou,
Foi aonde ele mais aprontou.

Na Argentina o cabra era conhecido,
Fazia as muiê apanha dos marido,
Certa vês, foi lá em Posadas,
Um certo marido lhe encheu de facadas.

No Brazil sempre ficava pouco,
Dizia que aqui é país de louco,
Quem acha ruim veste a carapuça,
Não vorto mais aqui nem que a vaca tuça,

Teve tamém lá no Equador,
Dizia estar procurano labor,
Desistiu no segundo dia,
Num posso me acostuma sempre dizia.

Na verdade quando lhe dava vontade trabaiá,
Deitava na rede e esperava a vontade passá,
Só levantava depois de tempo ido,
Queria a certeza do dever cumprido.

Queria mesmo o danado ir prôs States,
O caminho era o México com grandes deleites,
Mas o cabra não soube fazê as coisa legal,
E cometeu um erro fatal

Deu poca grana prô Koyote passadô,
Acabou fazendo o trajeto com muito ardô,
Do lado de lá havia tira pra todo lado,
Juaquim Marieta acabo deportado.

Mais um dia lá na Bolivia,
Deu de cara com um rival que a muito não via
Levou um tiro na testa,
E para Juaquim Marieta acabou a festa.

No seu enterro teve poucas flôres,
Argumas foram mandadas pela dona Dolores,
Dolores era muié do Jorge Golpista,
De onde esse escritô começou sua pista.


Don Cuervo





O Pescador


Certa vez na pescaria, ganhei um daqueles anzolões bem grande de pescar peixe grande mesmo,pintado, pirarucu etc. Mais ou menos, media de uns dez cetimetros para fora. Meu amigo de pescaria, o Zé Claudio me pediu-lho esprestado e disse que me devolvia após o dia. Mas não é que o Zé Claudio esroscou o anzolão numa galhada e veio a perder o grandão.

Chegou ele meio triste, contou-me a história e disse-me que logo no outro dia compraria outro e me devolveria. Disse a ele que seria pior se tivesse eu perdido o amigo.

Mas no outro dia cedo fomos até o vilarejo comprar outro anzolão. Procuramos...procuramos e nada de achar. Quando já estavamos desistindo um senhor nos disse que o dono da borracharia costumava ter desses anzolões. E era verdade. De alguns ali em ciam do balcão meu amigo escolheu um e passou para mim.

Perguntando o preço, recebeu a notícia de que não era nada, disse o borracheiro:

-Pode ficar de presente.

Meu amigo não se conformou e arrancando a carteira do bolso disse:

-Isso não vai ficar assim não !

Eu pensei, o Claudião agora vai dar uns dez reais de presente para o borracheiro. Mas para minha surpresa, o Claudião arrancou da carteira o seu cartão de visita e disse:

-Quando fores a Itanhaém podes me procurar que tenho bons imóveis para lhe vender.


Don Cuervo



Maldito Vendeiro



Certa vez um casalzinho em lua de mel embarcou em um comboio que partia de Rio Ponta, no rincão mineiro, com destino mais ao sul a fim de levar a noiva a conhecer a mãe do então mais novo noivo.

No desembarque na estação ferroviária, notou-se que havia ali algumas casas e como sempre, em qualquer povoado, não faltava uma venda.

Como já era por volta das 13 hs., o casal já com fome resolveu fazer um lanche na venda. Logo pediu ao bondoso vendeiro, um pão d agua com mortadela, mais uma daqueles tubaínas que dava azia até no famoso Sonrizal .

Terminando o lanche o rapaz pagou a conta com 10 mil reis, no que a conta toda com mais dois pães d agua e uma lata de salsicha tipo viena somaram-se 8 mil réis.

Pagou a conta e o trôco recebeu em umas balinhas brancas, parecidas com côco ao leite, sim, redondinhas, sem papel.

A viagem era longa, pois do povoado, a pé até o destino, seria mais umas 3 horas bem andadas. Mas isso não era problema, tinham pouca coisa a carregar e estavam supridos com alimentação até o final da jornada.

Papo vai, papo vem reolveram então chupar umas balinhas para perfumar o hálito, visto que não haviam escovado os dentes após o pão com mortadela e tubaína.

O noivo muito guloso já foi logo enfiando umas quatro balinhas boca a dentro. Para a sua surpresa, a noiva também não gostou das balas. Mesmo assim continuaram a jornada com esses mais ou menos 2 kls. de balas com o pensamento em distribuir o baleiro todos para a criançada quando chegassem ao destino.

No destino os primeiros que se encherga ao longe e vem ao encontro são os cachorros e as crianças. O noivo já foi logo distribuindo balas para toda a criançada, com um unico pensamento: -Criança gosta de tudo.

Mas não é que o que se viu foi só criança chorando, babando e cuspindo pra todo quanto é lado. Já em casa, depois dos abraços costumeiros, e crianças com olhos vermelhos pra todo lado, descobriram que havian comprado naftalinas daquele maldito vendeiro.


Don Cuervo




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