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Contos-->conflito do passado -- 19/03/2004 - 18:26 (José Francisco Bessa da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conflitos do passado


Entre das muitas histórias que eu ouvi na minha infância e que trago na lembrança até hoje, esta foi a que mais me marcou.

Certa vez eu estava reunido com a criançada da vizinhança na calçada da rua, já estava anoitecendo, quando cada um de nós começamos a contar fatos da nossa vida.

Teteco, um menino esperto e inteligente, começou a contar a sua história.
- Meu avô Manoel, pai do meu pai, faz parte de uma família muito importante em Portugal, tão importante que um dos parentes dele era rei, mas ele (meu avô) não morava no castelo, ele morava em Coimbra onde estudava numa escola que tinha o nome de Universidade e a sala que ele ficava chamava Química. Ele tinha uma porção de vidros cheios de líquidos e ficava o tempo todo misturando um líquido com outro e dava o nome desse trabalho de “Experiência” e depois anotava tudo num caderno grande de capa preta. Uma vez ele me disse que ia conseguir fazer um novo tipo de sabão, que teria o nome de Sabão Líquido.

Mas acontece que apareceu um novo povo chamado Republicanos que saiu matando, em todo mundo, tudo que era rei e quem era da família real para colocar o rei deles que chamava República (1910). Todo mundo naquela época tinha raiva dos reis e de quem fazia parte da sua família. Meu avô foi mandado para o Brasil, arranjaram uma viúva e fizeram ele casar com ela e ele ficou trabalhando numa fábrica chamada Sabão Português.

Ele teve que aprender a andar no meio de pessoas rudes e grosseiras, suas maneiras nobres e educadas eram mal vistas e muitos zombavam dele.

Uma vez ele estava almoçando no restaurante da fábrica e não notou que estava usando seu comportamento naturalmente refinado, quando se aproximou um colega para “curtir com a cara dele”, no mesmo instante escondeu os talheres que tinha e começou a comer com a mão e a partir daquele dia passou a levar para o restaurante somente uma colher.

Meu avô nunca perdeu seu porte nobre, sempre andou de terno, mesmo no calor de 40º do Rio de Janeiro, sempre discreto e calado, nuca ouvi levantar a voz. Vez em quando ele passava lá em casa, geralmente sábado à tarde para conversar com meu pai levando um saco de biscoitos “champagne” ou uvas frescas.

Uma vez eu entrei na sala quando ele conversava com meu pai, parecia muito compenetrado que nem notou a minha presença (naquele tempo criança não podia escutar conversa de adultos) e escutei ele terminar de falar com essas palavras: - “Mesmo que tenhas que conviver com pessoas vis e desprezíveis, nunca se esqueça que correm em suas veias sangue real, e que para as pessoas vulgares virtude é opção, mas para um nobre é obrigação”.


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