QUADRAS
Quem muito cedo levanta,
das salvas no albor da aurora,
é mais terno quando canta,
mais sofrido quando chora.
Não há regra que nos baste,
de Hamurabi a Napoleão,
que não conflite ou contraste
co’as regras do coração.
Se eu cago, bem grande é a mágoa,
faz-se u’a tristeza profunda,
quando a bosta bate n’água
rebate e bate na bunda.
O esposo a esposa aceita,
curte com requinte a amante,
ama a filha petulante,
venera a mãe que respeita.
Ao longe, no vilarejo,
faz ponto a paz e a paisagem,
no silêncio, nos adejos,
nos acordes da folhagem.
Noite chuvosa deprime
na força da chuva infrene
meu revesso mais sublime,
meu deserto mais solene.
Feita a azada contrição,
contrafeito, não te iludas,
há mais no teu coração
que nos livros onde estudas.
Mulheres, deusas e divas,
princesas, fadas, franguinhas,
tanto mais soberba’ e altivas...
da... divosas, levadinhas.
Deu tanto a tantos que evoca
e a mim nem mesmo ilusão.;
nada deles quis em troca,
de mim... tostão por tostão.
Ela é u’a mula travestida,
competente na incultura,
bem pintada, bem vestida
e assumida a fera dura.
Quem sabe o mal que essa fera
nesse apetite voraz,
pelo dinheiro que espera
pode fazer aos demais?
Já sem rumo, que destino
lhe espera, de mão em mão,
de cada macho um menino
pelo dinheiro e a pensão.
Lá vai ela, o que lhe importa,
outro amásio, outro xodó,
se força sempre outra porta,
entra, foge e fica só?
Anda de bolsa e de pasta
pensando... quem sabe o que?
Nos processos que vergasta?
Nos livros que nunca lê?
Sem parâmetro ou medida,
outra não há que conheça
mais burra, bruta e atrevida,
sem pé, sem mão, nem cabeça.
Tem muita boçalidade,
celulite em demasia,
u’a vida sem densidade
plena de vida vasia.
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