ALFORRIA
Minha boca está de visita
Sentindo o sabor
Que nenhuma outra imita,
Ainda que jurando a paixão
Que de fato sintas,
Não mintas
Minha boca está de visita
Calando-se nesta língua que grita
A dor de toda uma vida,
Desencontrada e desunida,
Pela covardia que limita
Tua boca na minha
Minha boca está de visita
Lambendo as feridas,
Em vertical medida
No fundo azul da vida,
Em sutil despedida
Das nossas bocas unidas
Minha boca de está de visita
Anunciando minha alforria,
Na liberdade que se anuncia
Ficou apenas o gosto amargo do beijo,
No céu da boca que me traía.
MORGANA
Rio de Janeiro, 31/12/04.
|