SONETO DA FLOR DE UM LUAR
Sonho de primavera em noite de luar,
Tão efêmero, assim, viveu o meu querer.
Levando minha flor, podaram meu viver,
Restando em seu caule uma lágrima a sangrar.
Mas, não importa o vento seu pólen soprar
E noutro jardim outra de si florescer,
Porquanto irei do tempo as sementes colher
E c o nome de outono a virei resgatar.
Antes do alvorecer, flor-mulher a farei,
Junto ao leito que a nua relva nos concebeu.
Com as estrelas suas pétalas ornarei,
Tornando àquele sonho a luz que se perdeu,
Sem importar-me quantas vidas levarei
Para na lua rever o brilho do olhar seu.
MAURICIO DE MELO PASSOS |