Quando eu te vi?
Eu nunca te vi.
Eu nunca vi ninguém.
Por isso meu amor nunca foi a primeira vista. Nem de Segunda.
Uma vez me apaixonei por uma mão. Era uma mão forte e suave ao mesmo tempo. Quente e poética. Até hoje sinto falta dessa mão que me segurava.
Outra vez eu me apaixonei por uma voz no meu ouvido. Foi a primeira coisa que senti. Uma voz, uma voz interessante, que me dizia coisas interessantes. Só depois é que enxerguei quem era essa voz.
E você? Eu nunca gostei de você. Nunca te vi. Até que um dia senti um perfume. Tão forte inundando meu nariz. Entrando dentro de mim, me asfixiando de dentro para fora. Aí eu te vi. Alto, belo, forte, cheio de luz e esperança. O teu perfume foi uma flecha envenenada no meu coração. Todo dia quero sentir o cheiro. Quero o monopólio, te colocar numa arredoma de vidro. Te prender para sempre em mim. Mas você vai e esvoaça pelo ar. Não é meu. Não consigo te prender. E o ciúme.
O ciúme me corroí. De dentro para fora.Descobri que não era um perfume, talvez um ácido...
Conclusão:
Se o amor pode ser a vista, também pode ser a prestação...
Se o amor é cego. Ninguém ama de primeira vista.