O publicitário quarentão sustenta a coluna do bar. A coluna deveria sustentá-lo, mas a história do publicitário inverte os papéis. Coluna, normalmente, sustenta um prédio e serve de apoio aos homens que podem perder tempo, encostados num canto. A história do cara inclui umas duas ou três separações judiciais litigiosas e umas cinco ou seis doses de Irish Jameson promocional. Assim, o homem, como um objeto meio tonto já incorporado ao bar, sustenta a coluna. Sem muitos flertes produtivos, espera o banheiro dos heteros ficar vazio. Sabemos quando um homem está com auto-estima nível menos dois quando ele tem tempo para ficar olhando o movimento de entrada e saída dos banheiros.
O cantor ególatra canta um Tribalista tão falso quanto uísque irlàndes ou uísque escrito com "U". Calculado o risco, o publicitário quarentão entra no banheiro e vai direto à latrina, privada, boca de lobo ou sei lá o nome que ele prefere dar à s louças vendidas em lojas de materiais de construção. A porta não tem trinco e ele inclina todo o corpo sobre a folha de madeirite disfarçada de mogno para servir de tranca e apoio com uns 88 quilos mal malhados . Olha para o vaso e conclui:
- Porra! Ninguém sabe apertar o botão dessa descarga...
Abre o zíper. Mija um arco e suja a água podre.
Abre a porta. Sai do banheiro e pensa.
-Só de raiva não dei descarga também.
Homens não dão descarga. Não dão o braço a torcer. Dão o fora. Só de birra. Só de sarro. Mas alguma menina linda vai entender isso e fazer do publicitário o companheiro ideal para uma noite inesquecível que nem ele nem ela nem o garçom vão lembrar amanhã. Uísque é mesmo um veneno...