Procuro em um livro os meus versos preferido
Mas eles não estão mais lá.
E chego a duvidar que realmente existam.
Ou que exista o livro.
Ou que existo eu próprio.
Se existimos, por onde anda o verso que fugiu?
O livro que se perdeu?
Tudo no mundo é invisível,
Translúcido, na melhor das hipóteses.
Uma caneta qualquer que não esteja em seu lugar, como o costume.
Passarás sobre ela os olhos
E não a enxergará.
Como posso encontrar-me, se anda tudo noutro lugar?
Agora posso ver os meus braços, juntos aos teus.
E eu pensava que não os tinha,
Invisíveis como estavam.
E o teu gosto doce me acompanha,
E o teu perfume me impregna,
E você, ah! Você que vivia a metros,
A segundos,
A desejos de distância,
Agora se materializa
Num lindo processo de visibilização.
Descubro um novo sorriso,
Uma nova linha em suas mãos,
Uma nova curva no seu corpo.
Está agora em seu lugar correto?
Ou em meu lugar errado
Caminho devagar até o mundo do invisível?
Seremos juntos, enfim matéria,
Ou padecerei em luz, deitado nos seus braços.
Apaixonadamente.
Rogério Penna
jan. 2005
|