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Cronicas-->Fotografando a morte na praia -- 28/06/2003 - 18:18 (Juraci de Oliveira Chaves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Aquele corpo na areia fria, inerte, sem respiração, parecia ter dado adeus aos habitantes da terra.
À sua volta, dezenas de banhistas tentavam encontrar uma solução para espantar a morte que sempre estava rondando-os naquela praia. Uns choravam apavorados, outros procuravam celulares para chamar o corpo de bombeiros.
A respiração boca a boca já fora tentada pelo salva-vidas que chegara tarde quando avistara a banhista se afogando, apesar de estar em água rasa. Batera a cabeça na pedra e a mareta deslizava água sobre o seu rosto ainda muito jovem e bonito. Deslocara-se dos amigos, para longe, perto da ilhota, desejando uma foto matizada com a paisagem ribeirinha. Estava sempre na busca de focos inéditos.
Ao fazer o convite aos colegas para avançar mais um pouco, fora aconselhada a não se arriscar tanto, só que, Ramires estava decidida a enfrentar os desafios. Desafiou, mas não conferiu o resultado. A cada momento, chegava um praieiro curioso perguntando quem teria se afogado, tão cedo do dia, no rio. Rio que é calmo e manso, mas tem seus caixões de areias, suas pedras escorregadias nas cachoeiras.
Fora numa dessas pedras que a turista e fotógrafa Ramires deslizara pisando em falso numa pedra cheia de limo. Com sua possante máquina, procurava os melhores àngulos para registrar as belezas daquele lugar. Lugar bonito apesar de perigoso e traiçoeiro. Isso já foi comprovado, com várias ocorrências que elevam o número de afogamentos, no "Velho Chico."
Ramires viera com um grupo de estudantes, numa excursão, com o objetivo de fazer um trabalho de campo sobre o Rio São Francisco. Estava sempre pesquisando, à caça do belo, do útil.
Uma colega de estudo dizia aos prantos a outro estudante:
- Como pode isso ter acontecido se ela demonstrava uma firmeza nas ações e exercia uma certa liderança sobre a turma... Parece estar tudo determinado na vida das pessoas... Era o seu dia, lamentava. Bem que a sua mãe não queria concordar com essa excursão. E agora? Como avisá-la?
Horas depois, o corpo de bombeiros chegava, fazendo aquele alarme estridente, pedindo passagem, para salvar mais uma vida. Muitos telefonemas foram dados à central, questionando a demora em chegar ao local. Assim era impossível, vencer a morte.
Estava virando rotina, tentar salvar turistas e até os próprios habitantes, sem sucesso no intento; não acreditam nos perigos dos bancos de areias e das pedras pontiagudas nas profundezas da água. As placas de advertências estão servindo, não para mostrar os limites liberados para o banho mas, para os afoitos exibirem que são os melhores da praia e que podem desafiar o perigo, a seu bel-prazer. Muitas vezes, o resultado era o contrário. Muitos lugares são rasos escondendo o abismo, o perau. Os baixios são perversos; coloca-se o pé na areia e vai se afundando e perdendo a força, na briga com as águas. Obedecer limites é necessário. Se o espaço não está liberado, não o desafie. O rio não é o culpado pela intolerància do turista.

Após a tentativa de salvamento da moça Ramires, sem êxito, foram tomadas as providências de praxe, pelos responsáveis do turismo na cidade.
Quando quase todos se afastaram, um senhor de idade avançada comentou:
"Faz horas que essa moça fotografa. Procurava-se por algo e não encontrava. Até encontrou. É triste fotografar a morte na praia."

Juraci de Oliveira Chaves
Pirapora MG
www.jurainverso.kit.net


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