GANÂNCIA
“A viúva e a filha... desavieram-se por motivos de partilhas e separaram-se como inimigas mortais”. Júlio Dantas, Abelhas Doiradas, p. 165.
Eu que te amei junto aos anos
com a ternura da criança,
a bondade dos idosos,
a leveza sensitiva,
os fervores da esperança
e que dormi co’a tua carne,
habitei os teus destinos,
me compungi nos teus sonhos,
as ladeiras dos tormentos,
serenei teus desatinos,
acordei co’o pesadelo
que tange a separação,
mas... livre do teu suplício,
da ingratidão miserável
que transcende a ingratidão.
Da ganância desmedida,
maremoto de tua vida,
ciclone dos teus amores,
espiral dos teus rancores
dentro o circo dos horrores
de mais uma despedida
dentre tantas despedidas.
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