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Contos-->A PAMONHA -- 13/04/2004 - 10:05 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Saí de Tupinambica das Linhas (ô lugar encantado!), na segunda-feira pela manhã. Embarquei no primeiro ônibus que me levaria para S. Paulo.
Logo ao entrar na jardineira, deparei-me com uma amiga velha, conhecida de há muitos, mas muitos outros carnavais.Era a Ângela Pamonha; a famosa Ângelazinha conhecida no trecho, por colocar azeitona na empada dos outros, assim, sem mais nem porque.
Apesar do transcurso do tempo ela ainda mantinha a forma de corça bela. Reduzira um pouco a ingesta da “marvada”, mas o cigarro, ela confessou-me que estava impossível abandonar.
Aboletei-me ao seu lado, naquele ônibus apertado, e pedindo-lhe que abrisse um pouquinho mais a janela, acomodei meus ossos na poltrona ruída.
Ela perguntou como eu estava indo e depois daquelas primeiras palavras que se usa pra quebrar o gelo, confidenciou-me que sabia muito mais de mim, do que podia imaginar os miolos embaçados, debaixo dos caracóis dos meus cabelos.
Confidenciei a ela que ali em Tupinambica das Linhas tudo estava tão contaminado pela seita maligna do pavão louco que até os livros de história foram seqüestrados dos sebos.
Com movimentos lentos de cabeça, em sinal de desaprovação, e muxoxos, ela deplorou as ocorrências prognosticando uma vida mais saudável lá na capital.
Os demais passageiros entravam e se acomodavam. O ambiente tornava-se cada vez mais sufocante. Claustrofobia, quem eu? Não. Eu não!
Ângela Pamonha informou que para manter-me relaxado, e usufruir o prazer da viagem, deveria mentalizar um lago tranqüilo cercado de árvores por todos os lados e atentar para o canto dos pássaros. Eu tentei, mas depois de 30 segundos a lagoa foi tomada por pavões e urubus carniceiros que queriam minha pele.
Ângela confidenciou-me estar sua irmã, a mais nova, grávida. Ela queixou-se que a primeira fincada da ficada inicial, complicou a situação, a ponto de o casal adolescente, ver-se em apuros sérios.
Pamonha segredou-me ter dito pra sua irmã luxuriosa que para resolverem a situação, de agora em diante, deveriam praticar muita, mas muita disciplina mesmo. E o que ela estava dizendo, meu amigo, minha amiga e senhoras donas de casa, não era brinquedo não.
Ângela era prima da mulher do filho do chefe da seita maligna do pavão maluquete e dos infernos. Ela era uma sujeita alta, meio velha, formada em farmácia e que viera lá dos cafundós do deus-me-livre. Em Tupinambica das Linhas ela casara-se com o filho do chefão da seita maligna e passara a viver no bem-bom, sem aquecer muito a cabeça degenerada.
Eu já percebera que ela falava feito uma matraca velha e na torrente de palavras expelidas em direção aos meus ouvidos, informava que fazia parte, junto com sua vizinha Noêmia e o Geraldo Gerere, da APMVTL, a Associação dos Proprietários de Monza Velho de Tupinambica das Linhas.
Pamonha, que não tinha papas na língua, mostrava-se tão bem informada que discorreu sobre a situação funesta do time da cidade. Ela terminara a peroração afirmando que o pobre time fora desossado por uma diretoria malvada e que agora capengava a fim de se manter na ativa.
Ângela Pá (era assim que as amigas mais íntimas a tratavam) torcia pro rei momo. Queria que ele fosse eleito prefeito de Tupinambica das Linhas para ajudar o esquadrão definhado.
Ela não se conformava com as forças vivas do escamoteado que tentavam fazer a cidade andar pra trás. Indignada e com o dedinho indicador da mão direita em riste, ela dizia que sua terra não era caranguejo para caminhar, assim bestamente, pelo reverso do revirado.
Eu afirmei: “’E terrível, terrível”, só pra mostrar-lhe minha concordância com sua repulsa; mas ela como se surda estivesse, rebateu minhas palavras dizendo: “Terrível é a molecada brincando de picadinho, 1, 2, 3 no corredor da cela do doutor Farah J. Farah”.
Reafirmando que não era exagerada, Ângela, usou uma figura de linguagem e esbordoou minha paciência dizendo: “Olha, meu filho, tudo o que é excessivo faz mal, manja? Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Na praia já está muito bom. Morou?”
Sim eu tinha morado perfeitamente. Eu só não sabia o que fazer naquela agonia que travou meu peito logo que o ônibus iniciou a viagem.


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