FUGA Explosões e sons cavernosos Rebentam perto de mim No ar soltam-se as gotas De uma chuva salgada Enquanto se ouvem silvos milenares Das gaivotas que me espreitam dos ares Envoltos pela espuma E deitado nas ondas Encontro o meu túmulo Não do meu corpo Mas dos meus sentimentos Cada onda que rebenta Cada concha que à praia chega E cada silvo que tenta Encobre uma sensação Um pensar, um problema, Uma conclusão E quando uma lágrima Salgada como a chuva Surge de uma tristeza profunda E quando uma gota Salgada como a lágrima Surge de um túmulo cíclico Já o pensamento Dá lugar a outro E tal como a onda que rebenta Surge uma tentação que me tenta Mas se cada onda dá lugar a outra Mas se cada pensar dá lugar a outro Porque não sonhar? Porque não sonhar com um problema seguinte? Um problema que seja solução do primeiro? Afinal as ondas sucedem-se o dia inteiro!
ç
| Use as setas para folhear as páginas | è
|
|