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Cronicas-->Cronica de uma aula não anunciada -- 30/08/2000 - 22:09 (Cícero Carlos de Oliveira /Aurora-CE/) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vinte e seis de agosto de 2000, sábado ensolarado e seco em Brasília. Minhocão norte da UnB.
Quando cheguei, dez minutos antes do horário, já havia dois alunos me esperando. No horário programado para o inicio da aula (8 da manhã), havia apenas cinco alunos na sala. Resolvi esperar mais um pouco. Fiquei conversando com os que estavam na classe e os deixei à vontade para mexer nos micros. Esperei mais um pouquinho e comecei a aula com 15 "meninos". Expliquei o objetivo do nosso encontro do dia: 1) conhecer os componentes do computador, saber para que servem (na aula prática); e 2) conhecer os conceitos básicos da informática e do computador (na aula teórica).

Iniciei a aula com uma visão geral da história dos computadores. Mostrei, no retroprojetor, os componentes do computador, interrompendo, vez em quando, para explicar rapidamente no quadro, a localização e utilidade de cada componente. Aproveitei a sala vizinha (INF4), que estava vazia e tinha um computador desligado, para mostrar in loco todos os componentes internos do computador. O aluno colaborador (Robson) me ajudou no processo. Abrimos o computador. Dividimos a turma em dois grupos. Mostramos os detalhes dos componentes internos, instigando-os: O que é isto? Para que serve? Quem ficava satisfeito com as explicações era liberado para o "recreio".

Avisei a todos que se dirigissem à sala CONF 2, conforme havia acertado com a Nilce, na sexta-feira, e que me havia assegurado que tinha combinado com seus alunos e com o Ivan, de usar a CONF 1. Eu e o Renato usaríamos a sala 2.

Quando terminamos de montar o computador que havíamos aberto, subimos ao primeiro piso para tomar um arzinho. Encontramo-nos com alguns alunos que prontamente nos acompanharam ao "segundo tempo". Logo em frente, à saída da Arquitetura, encontrei-me com a Nilce, que vinha subindo, menor que o KIT GASTON que carregava consigo (aquele disquete de 1m2 no qual a Ada Lovelace adoraria ter gravado seu primeiro programa mas que, felizmente, o Carlos Bobagem (Charles Babbage) , seu prudente marido, não permitiu.
Muito bem. Quando entrei na CONF 2, o Ivan Tesão já se encontrava excitando a sua turma (misturada com a minha, que talvez se perguntasse: por que não me matriculei nessa?).
Após me acertar com o Ivan, convidei os meus alunos a renunciar ao assédio do meu excitado colega. Dirigi-me à CONF 1, meti a cara na sala e deparei-me com o pastor Renato ainda pregando. Como não uso relógio, consultei os alunos sobre o horário. Me asseguraram: dez e dez da manhã. Não me restou outro gesto: bati com a mão direita no pulso esquerdo e chamei a atenção do prolixo presbítero. Ele, como um bom homem do Senhor, imediatamente encerrou a aula e orientou seus alunos no sentido de se dirigirem ao laboratório.

Entramos na sala e pensei comigo: do jeito que preparei a aula e dei um trato nos eslaides, em quarenta minutos, liquido a fatura. Mas qual nada! O destino me reservava surpresas.

Inseri o disquete contendo o arquivo da aula RA1, ao qual havia dado uma "guaribada", até às duas da manhã, com o objetivo de dar um show no data-show. O diabo do computador não leu. Lembrei-me de que o Gastón tinha este problema nas nossas aulas de sexta. Resolvi ir até o meu querido vizinho Ivan Tesão e, por coincidência, ele estava falando do tema. Enquanto eu tentava ler o disquete, ele empolgava a galera, tentando convencê-la de que o grande tema para o projeto seria o TESÃO. Lembro-me de que uma moça intercedeu: - Professor, neste caso, tem que ter sexo!. Ele balançou afirmativamente com a cabeça e continuou desfilando os seus outros santos argumentos. Descontraí-me com o momento e voltei ao meu metiê.

Coloquei novamente o disquete e... nada. Não leu. Fiquei desapontado. Aproveitei para explicar, ipsis literis [ao pé da letra], para a turma o que estava acontecendo, que havia uma versão no drive C do computador. Mas eu estava frustrado por não poder usar a minha versão "perfumada", que havia preparado com tanto carinho.

Neste ponto, observei uma coisa interessante: os alunos gostam de ajudar se a gente demonstra que precisa de ajuda. "Professor, o senhor não tem outro disquete?" "Por que o senhor não baixa da Internet?". "Se mandasse para um draive virtual...".

Nisto, o Robson não teve dúvidas: foi ao laboratório, procurou um computador que lia o disquete, e enviou o arquivo para um serviço de Drive Virtual. Pronto. Quinze minutos depois, estava pronta a minha aula. E toda a explicação real sobre Redes. Além de poder mostrar in moment o poder do computador, discutimos o percurso que os dados fizeram. Os meios que utilizaram para irem aos Estados Unidos e voltaram enquanto a gente conversava um pouco; e depois, utilizando a rede local, estarem ao nosso alcance. Foi um barato.

Na saída, acompanho o Ivan fechar cuidadosamente as salas, as luzes do corredor. Conversamos, enquanto caminhamos até o estacionamento. O Ivan estava feliz feito um adolescente que deixa sua namorada em casa após o baile. É como se tivesse adquirido mais energia, ao invés de ter gastado.

Ah!, ía me esquecendo... Pouco antes do final da aula, o Pastor Renato chega e, com toda autoridade que lhe fora outorgada, põe a chave na porta da nossa sala e fecha. A galera grita em peso. Ele abre vagarosamente a porta e confessa: - Desculpe, pensei que não tinha ninguém. Todos rimos. Neste momento refleti um pouco:

A paixão e entrega total (corpo e alma) da professora Fátima ao projeto, as idéias "pé no chão" e o comando do companheiro Gastón, o desprendimento do Renato; a franqueza do Carlos Eduardo; a simplicidade da Nilce e do Henrique; o entusiasmo do Ivan; a competência dos colegas Alexandre, Nitalma, Brod, Gerson, Jeovànio; a discrição militar do Raulino; a experiência pedagógica do Elidecir, Roquílmer, Késsia, Edilaine e PV; o empenho do Josafá e demais companheiros; toda essa mistura caleidoscópica faz nossa equipe motivada, engajada, feliz e... por vezes... viajante!

A melhor forma de gravar o nosso pioneirismo será o nosso trabalho.

Que o futuro fale bem de nós.
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