PRESSÁGIO
“ as agourentas corujas grazinavam. Tremi.”
Coelho Neto, Sertão, p. 144.
Tens a mi’ha cama concubina,
um reino sem rainha ou rei,
sem lei, também sem disciplina,
com a liberdade que aspirei.
Quero o prazer de tua presença,
teus devaneios tão lacivos,
o bom senso em convalescença
e os encontros, facultativos.
O teu recato complacente,
bem, a estudada ingenuidade,
o cio do ventre da serpente
na antevisão da tempestade.
Mas, certo que ao longo dos anos,
dos teus vícios adulterinos,
dos perjúrios, dos desenganos
e dos caprichos mais cretinos
virá, com certeza e desdém,
berrar, como faz muito bem:
meu bem p’ra lá... meu “bem” p’ra cá.;
Meus bens de lá, meus bens p’ra cá.
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