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Cronicas-->Economia liberal -- 01/07/2003 - 17:09 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Foi depois de um aula animada de estatística que Pedro resolveu passar na lanchonete do Pasquale, ali perto do Bexiga, tradicional bairro paulistano.
Encontrou muitas opções excelentes, como croquete passado, quibe mal feito, esfirra velha, bolachas nos pacotinhos ruídos por ratos e um cachorro quente mais ou menos frio. Optou pelo último e uma cerveja.
Sexta-feira e uma aula de estatística concorrendo com sua atribulada vida de estudante universitário mereciam pelo menos uma comemoração, algo para descontrair.
A cerveja também estava meio quente. O dono do pedaço explicou que havia faltado energia elétrica durante duas horas, mas a qualidade do cachorro quente era inquestionável, já que no vinagrete caprichava com pedaços de repolho e ovo também.
Isto, segundo o comerciante, conferia a fama que sustentava seu estabelecimento há muitos anos. Era o cachorro mais incrementado do Bexiga, que ficava logo ali, cerca de 300 metros.
Pedro comeu o cachorro quente morno com seus ingredientes mágicos, bebeu a cerveja quente, pensou que talvez ganhasse o prêmio maior no domingo, nas corridas de cavalo do Jóquei Clube. Apostaria uns cinquenta de uma vez. Por isso poupava seu dinheiro durante a semana.
Só comia em lanchonetes que estivessem fechando, para ter direito a desconto na hora de pagar a conta. Reduzia os custos, otimizando assim sua parca renda de estudante e faz-tudo, em busca de um diploma de nível universitário. Um diploma de Economia, um concurso público, carreira no governo, um casamento com a filha de alguém que tivesse dinheiro, sonhos básicos do guerreiro da grande metrópole.
Saboreou com muito prazer o pedaço de pão e o resto de salsicha que lambuzou sua mão. Pediu mais um pouco do vinagrete, sem pão. O comerciante, que já pensava em jogar no lixo o vinagrete especial que preparara há dois dias, entregou a panela ao moço.
Pedro, um defensor da economia liberal, sabia que o comerciante tinha excesso de produtos e falta de fregueses, então estava oferecendo mercadoria apenas para assegurar sua posição no mercado.
Pegou a panela, onde uns três quilos de substància estranha se acumulavam, e festejou o fim de noite comendo como um verdadeiro rei de periferia.
Pensou que ainda poderia pedir um desconto na cerveja e valorizar seu conhecimento de mercado. Enquanto subia na moto, orgulhoso de sua sabedoria, a economia liberal fez efeito. Curto prazo foi o que teve para chegar ao banheiro.
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