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Cronicas-->Seu Lula, não tem uma pomadinha? -- 02/07/2003 - 12:22 (Márcio Salgues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Seu Lula, não tem uma pomadinha?

Desde que me entendo por gente, sempre me esquivei de tomar uma Benzetacil. Mesmo quando surgiu um furúnculo na minha perna ainda na adolescência. Sempre soube que doía muito e por isso mesmo evitava. É um antibiótico potente é verdade, ainda que um tanto ultrapassado se comparado às novas gerações de antibióticos disponíveis. Mas isso não importa. O que importa é que nos anos FHC eu sofri com vários outros furúnculos. Todo meu corpo foi acometido. Do cheque especial aos cartões de crédito. Fazendo supurar também as mensalidades da faculdade, a escola das crianças, as compras no supermercado e todas as demais necessidades básicas. Meu salário quase ficou necrosado. Isso sem mencionar uma convalescença compulsória de seis meses em casa, graças a um episódio de desemprego agudo, o que fez estancar meus rendimentos. Mas não fui eu apenas quem sofreu. Pelo Brasil afora a peste já vinha se alastrando havia bastante tempo e em diversas variações. Muita gente já havia sentido na pele o que eu senti, e muitas ainda sentem.

Interessante notar que essas pestes muitas vezes são desencadeadas por processos que ela mesma provoca ou estimula, e que depois se tornam dependentes dos seus efeitos, gerando um ciclo vicioso difícil de ser interrompido. Em vários casos há a formação de tumores malignos tais como o Politicus Corruptus, Liberalismus Economicus Desenfreadus e o Crimem Organizadus. O primeiro drena os fluidos monetários, que deveriam curar as feridas do povo, para contas bancárias de uns gatos pingados - ou seriam onças pingadas? - no exterior. O segundo canaliza todos os nutrientes económicos do corpo da nação para um grupelho de órgãos banqueiros e empresariais, deixando o restante do corpo em estado de inanição severa e causando falência múltipla de órgãos e células. O terceiro é o pior de todos, vindo na maioria das vezes associado aos primeiros. Avança em silêncio. Invade todo o organismo social destruindo primeiro algumas células e, numa reação em cadeia, provoca a gangrena em vários membros. A única solução para a cura nesses casos é amputação dos membros gangrenados.

Houve um tempo em que se tentava curar furúnculos económicos com a terapia do Planus Desesperadus, nos tempos de Sarney e Collor. Já o Doutor FHC, durante seu plantão de oito anos, injetou-nos nas nádegas várias ampolas de Benzetacil. Era o procedimento padrão para os furúnculos económicos. Não adiantava choramingar nem espernear. Como eu sempre ouvi dizer que na época dos meus pais os médicos curavam furúnculos com estocadas de baioneta, achei que a Benzetacil era mesmo mais cómoda. Contudo, fiquei bastante insatisfeito com o Plano de Saúde Democracia Brasileira, que eu utilizava então. Depois de oito anos resolvi mudar para um mais modesto, o Plano dos Trabalhadores. Disseram-me que o Seu Lula não era nenhum doutor, mas conhecia umas receitas milagrosas que curavam qualquer furúnculo. Como minha já falecida avó, que preferia as pomadinhas e infusões caseiras. Seu Lula, assim como minha avó, aprendera suas receitas xamànicas na dura vida no interior de Pernambuco e tornara-se muito popular apregoando-as no ABC paulista.

Passados já alguns poucos meses do plantão do Seu Lula começo a me preocupar. Até mesmo ele continua lançando mão do receituário do Doutor FHC e me empurrando agulhas nas minhas já doloridas e arroxeadas ancas. E, como ele mesmo disse, "Dói, mas cura. Vamos ter que aplicar algumas ´benzetacis´ no país". Será? E por quanto tempo?

Afinal, será que essa furunculose é incurável e ninguém quer me dizer? Será que estamos em estado terminal? Será que vão nos fazer uma eutanásia? Ou será mais interessante nos manter em coma induzido? Será que nós da enfermaria temos que ser sempre tratados na base da injeção e do supositório, enquanto o pessoal do andar de cima, os membros dos poderes, pode ser tratado com massagens relaxantes? Será que não tem uma pomadinha para nós, pés-rapados? Parece que, por enquanto, prevalece o adágio popular: Benzetacil nos glúteos alheios é refresco.
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