Usina de Letras
Usina de Letras
14 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50669)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Modelo de Carta de Suucida -- 23/02/2005 - 21:43 (Silas Correa Leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POEMA:



Modelo de Carta de Suicida





Recebi um modelo de Carta de Suicida

De um inusitado inimigo secreto, oculto.

Tinha espaços para serem preenchidos

Linhas pontilhadas, códigos de transmutações vencidos

E dicas para um perfeito uso de gás butano, rifle ou cianureto.



Espaços em brancos sugeriam alternativas vencidas, improváveis

Sem Plano B, Rotas de Fugas ou regras de fácil compreensão

Apenas era simplesmente utilizar alguns parágrafos chaves

Colocar o nome ao final (ou heterônimo e código-senha de filiado pirata clandestino)

E deixar depois sobre o rastilho de pólvora da solidão-albatroz.



Era uma carta-partilha rara e com técnica perfeitamente funcional

Meio Shakespere, meio Cantinflas, meio Fernando Pessoa

Ou mesmo Rilke, Silvia Plath, Lorca ou Kafka

E lembrava os quadros Campos de Trigos com Corvos e Guernica

E me senti ali identificado nos arames gélidos das confeituras.



(Minha mãe disse que era coisa de Mefistófeles de Fausto

Meu pai bufando foi tomar providências na agência de Correios

Minha irmã mãe-solteira mais sábia pediu-me uma cópia autenticada

Meu irmão caçula manquitola e picego virou lobisomem

E todas as minhas ex-Musas-Vítimas se vangloriaram da oferta e procura

No fértil curral das aparências que enganam hienas saradinhas)



Refeito temporariamente do bisonho susto paquidérmico

(Nada como um choque terminal para nos tirar de dentro do pote de vísceras da havência)

Tomei um porre homérico, desesperado escrevi esse poema vazão

No íntimo pedi a bença pra mãe na distante Itararé Encantário

E fui caçar freguesia no Porta-Lapsos da Casa dos Espíritos.



Hoje a carta perfumada resta-se íntimo butim num baú de ossos

Entre sachês de ódios sublimados e pertencimentos-resignações de dor

Tem selos do Arco da Promessa, carimbos-andaimes, ícones neurais

Técnicas de devãos e ainda cheira a pés de sagrados grilos cegos

Pois o extraordinário verniz da minha tentativa de abismo

Não casou com o exato cantar de galo no pré-auroral das vicissitudes.



..................................................................................................................



No entanto escrevo feito um repugnante condenado à vida

E quando baixa-me um decanto-toleima saindo pelo ladrão

Acordo-me para o modelo da Carta de Suicida e choro

Choro muito, choro perolágrimas - choro escondido a terrível depressão

Lembrando-me da íntima carta de suicida que como um registro com assinatura no DNA ainda trago comigo

Como se fosse um camuflado pano de rosto trágico e inevitável

De uma eternal gambiarra de angústia-vívere de castigo.





-0-









Silas Corrêa Leite - da Estância Boêmia de Itararé

Poema da Série Garagem de Charcos (Inédito)

Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm

E-book O RINOCERONTE DE CLARICE no site www.hotbook.com.br/int01scl.htm

E-mail: poesilas@terra.com.br











Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui