Sonho
No estampido, a mão entre os cabelos pela
face, o polegar confinando os lábios úmidos
e o desejo se insinuando, estampado no
olhar fixo e já comprometido, esbulhada a alma.;
outra mão deslizando no pescoço,
nos dedos leves descaseando botões
na blusa decotada, o atalho dos seios
alvos, com pintas de ferrugem, macios,
os dedos tesourando o mamilo rijo.
Lá fora as línguas desafiando o prazer,
atiçando-o, comunicando o êxtase no fogo
das vozes em sussurro, as bocas mordendo
os corpos magnéticos, reféns do querer.;
uma mão pela púbis, infiltrando-se
na zona do amor, em reconhecimento,
o anular, o mínimo e o polegar perdidos
entre os pêlos, como anteparo, como aviso
ao médio que vai além, se imiscuindo pelo
túnel, sabendo a mel em meio ao musgo.
Blusas pelo chão, roupas jogadas, as últimas
peças desalinhando-se nos corpos suados
moldados em vibração, em sincronia,
se invadindo nos desvãos em doação plena,
um ser no outro, entoando a linguagem do
amor com gosto nos lábios, com hálito
de sexo na boca, o sexo na mão, intrépido,
intenso, no gel afiando o prazer, nos
olhos semicerrados postos à fadiga,
nos corpos leves, amados, entorpecidos,
rendidos, rarefeitos, curtidos nessa
vitoriosa e humana batalha de viver.
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