Silo
Um dia por aí vagando
noutro plano de ser
vi num olhar de mulher uma
vida inteira, e nela eu me
cabendo, no melhor do sonho:
um sinal ou prenúncio.
Se não fora o anúncio
do amor quase perfeito,
algo me ousou transformar.;
perceber nas reações vitais
do dia-a-dia, sinais
das noites, cerzir dos dias:
a humana arte de viver
e amar, todo itinerário.
Num silo, um lapidário,
mergulhei corpo e alma
ávido por deitar o nome
na luz armazenada e húmus
para sorver insone, na
calma do amor solitário
a saudade reinventada.;
assim em tudo que vejo
soletro poro a poro o desejo
ensejo do teu jeito sofisticado
de ser: mar de simplicidade,
onde tenho a medida plena
dessa vida em quarentena:
esperança que me basta.
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