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Textos_Religiosos-->O primado de Pedro existe desde o século I -- 08/03/2007 - 10:34 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Primado do bispo de Roma era exercida desde século I, declara Papa
Bento XVI apresenta São Clemente Romano

www.zenit.org

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 7 de março de 2007 (ZENIT.org).- Ao apresentar a figura de São Clemente Romano, terceiro sucessor de São Pedro, Bento XVI constatou nesta quarta-feira que já desde o século I o bispo de Roma exercia seu Primado sobre as demais igrejas.

Ao dirigir-se aos 16.000 peregrinos que, ao não caberem na Sala Paulo VI, se congregaram também na Basílica de São Pedro do Vaticano, o pontífice começou um segundo ciclo de catequeses sobre «os padres apostólicos», «a primeira e segunda geração da Igreja depois dos apóstolos».

Em seu primeiro capítulo, dedicado ao Papa dos últimos anos do século I, terceiro sucessor de Pedro, depois de Lino e Anacleto, que «havia visto os apóstolos», a meditação se concentrou em sua «Carta aos Coríntios».

Após recordar que os cristãos dos primeiros séculos atribuíam a essa carta um valor quase tão importante como o dos escritos do Novo Testamento, explicou que Clemente a escreveu aos cristãos da Igreja de Corinto que viviam agudas divisões.

«Os presbíteros da comunidade haviam sido depostos por alguns jovens contestadores», testemunhou o próprio Santo Irineu (130-202), bispo mártir de Lyon.

Por isso, recorda o mesmo Irineu em seu famoso «Adversus haereses», «sob Clemente, ao surgir um grande choque entre os irmãos de Corinto, a Igreja de Roma enviou aos coríntios uma carta importantíssima para reconciliá-los na paz, renovar sua fé e anunciar a tradição, que ela havia recebido dos apóstolos pouco tempo antes».

«Poderíamos dizer que esta carta constitui um primeiro exercício do Primado romana depois da morte de São Pedro», afirmou Bento XVI.

A carta, acrescentou, «deu ao bispo de Roma a possibilidade de expor amplamente a identidade da Igreja e de sua missão».

No escrito, o santo bispo de Roma faz uma «distinção entre ‘leigo’ e a hierarquia», mas o Papa declarou que isso «não significa uma contraposição», mas ilustra «a relação orgânica de um corpo, de um organismo, com as diferentes funções».

«A Igreja não é um lugar de confusão e de anarquia, onde cada um pode fazer o que quer em todo momento: cada um, nesse organismo, com uma estrutura articulada, exerce seu ministério segundo a vocação recebida», indicou.

Em particular, ao referir-se aos «chefes das comunidades, Clemente explicita claramente a doutrina da sucessão apostólica».

«As normas que a regulam se derivam, em última instância, do próprio Deus -- declarou o Papa. O Pai enviou Jesus Cristo, que por sua vez enviou os apóstolos. Estes depois mandaram os primeiros chefes das comunidades e estabeleceram que fossem sucedidos por outros homens dignos.»

Portanto, «tudo procede ordenadamente da vontade de Deus», sublinhou o Papa.

«São Clemente sublinha que a Igreja tem uma estrutura sacramental, e não uma estrutura política», afirmou o pontífice.

«A Igreja é sobretudo dom de Deus, e não uma criatura nossa», concluiu.


***

Bento XVI apresenta São Clemente Romano, terceiro sucessor de Pedro
Intervenção durante a audiência geral da quarta-feira

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 7 de março de 2007 (ZENIT.org).- Publicamos a intervenção de Bento XVI durante a audiência geral desta quarta-feira, na qual começou um novo ciclo de catequese sobre os padres apostólicos. A primeira figura que apresentou é foi a de São Clemente Romano, terceiro sucessor de Pedro.

Queridos irmãos e irmãs:

Meditamos, nos meses passados, nas figuras de cada um dos apóstolos e nas primeiras testemunhas da fé cristã, mencionados nos escritos do Novo Testamento. Agora, prestaremos atenção nos padres apostólicos, ou seja, à primeira e segunda gerações da Igreja depois dos apóstolos. Deste modo, podemos ver como começa o caminho da Igreja na história.

São Clemente, bispo de Roma nos últimos anos do século I, é o terceiro sucessor de Pedro, depois de Lino e Anacleto. O testemunho mais importante sobre sua vida é o de Santo Irineu, bispo de Lyon até o ano 202. Ele testifica que Clemente «havia visto os apóstolos», «havia se encontrado com eles» e «ainda ressoava em seus ouvidos sua pregação, e tinha ante os olhos sua tradição» («Adversus haereses» 3, 3, 3). Testemunhos tardios, entre os séculos IV e VI, atribuem a Clemente o título de mártir.

A autoridade e o prestígio desse bispo de Roma eram tais que lhe foram atribuídos vários escritos, mas sua única obra segura é a «Carta aos Coríntios». Eusébio de Cesaréia, o grande «arquivista» das origens cristãs, a apresenta com estas palavras: «Recebemos uma carta de Clemente reconhecida como autêntica, grande e admirável. Foi escrita por ele, da parte da Igreja de Roma, à Igreja de Corinto... Sabemos que há muito tempo e ainda hoje é lida publicamente durante a reunião dos fiéis» (História Eclesiástica, 3, 16). A esta carta atribuíam um caráter quase canônico. Ao início deste texto, escrito em grego, Clemente se lamenta pelo fato de que «as imprevistas calamidades, ocorridas uma depois da outra» (1, 1), lhe tinham impedido uma intervenção mais imediata. Estas «adversidades» se intensificariam com a perseguição de Domiciano: por isso, a data de composição da carta se remonta a um tempo imediatamente posterior à morte do imperador e ao final da perseguição, ou seja, imediatamente depois do ano 96.

A intervenção de Clemente -- estamos ainda no século I -- era solicitada pelos graves problemas pelos que a Igreja de Corinto atravessava: os presbíteros da comunidade, de fato, haviam sido depostos por alguns jovens contestadores. A penosa situação é recordada, mais uma vez, por Santo Irineu, que escreve: «Sob Clemente, ao surgir um grande choque entre os irmãos de Corinto, a igreja de Roma enviou aos coríntios uma carta importantíssima para reconciliá-los na paz, renovar sua fé e anunciar a tradição, que pouco tempo antes ela havia recebido dos apóstolos» («Adversus hereses», 3, 3, 3). Poderíamos dizer que esta carta constitui um primeiro exercício da primazia romana depois da morte de São Pedro. A carta de Clemente retoma temas muito sentidos por São Paulo, que havia escrito das grandes cartas aos coríntios, em particular, a dialética teológica, perenemente atual, entre indicativo da salvação e imperativo do compromisso moral. Antes de tudo, está o alegre anúncio da graça que salva. O Senhor nos previne e nos dá o perdão, nos dá seu amor, a graça de ser cristãos, irmãos e irmãs seus. É um anúncio que enche de alegria nossa vida e que dá segurança ao nosso atuar: o Senhor nos previne sempre com sua bondade, e a bondade é sempre maior que todos nossos pecados. É necessário, contudo, que nos comprometamos de maneira coerente com o dom recebido e que respondamos ao anúncio da salvação com um caminho generoso e valente de conversão. Com relação ao modelo de São Paulo, a novidade está em que Clemente dá continuidade à parte doutrinal e à parte prática , que conformavam todas as cartas de Paulo, com uma «grande oração», que praticamente conclui a carta.

A oportunidade imediata da carta abre ao bispo de Roma a possibilidade de expor amplamente a identidade da Igreja e de sua missão. Se em Corinto se deram abusos, observa Clemente, o motivo deve ser buscado no enfraquecimento da caridade e de outras virtudes cristãs indispensáveis. Por este motivo, convida os fiéis à humildade e ao amor fraterno, duas virtudes que fazem parte verdadeiramente do ser na Igreja. «Somos uma porção santa», exorta, «façamos, portanto, tudo o que a santidade exige» (30, 1). Em particular, o bispo de Roma recorda que o próprio Senhor «estabeleceu onde e por quem quer que os serviços litúrgicos sejam realizados, para que tudo, cumprido santamente e com seu beneplácito, seja aceito pela sua vontade... Porque o sumo sacerdote tem peculiares funções designadas a ele; os levitas têm encomendados seus próprios serviços, enquanto o leigo está submetido aos preceitos do leigo» (40, 1-5: observe-se que nesta carta de finais do século I, aparece pela primeira vez na literatura cristã o termo «laikós», que significa «membro do laos», ou seja, «do povo de Deus»).

Deste modo, ao referir-se à liturgia do antigo Israel, Clemente revela seu ideal de Igreja. Esta é congregada pelo «único Espírito de graça infundido sobre nós», que sopra nos diversos membros do Corpo de Cristo, no qual todos, unidos sem nenhuma separação, são «membros uns dos outros» (46, 6-7). A distinção entre «leigo» e a hierarquia não significa uma contraposição, mas somente essa relação orgânica de um corpo, de um organismo, com as diferentes funções. A Igreja, de fato, não é um lugar de confusão e de anarquia, onde cada um pode fazer o que quer em todo momento: cada um, nesse organismo, com uma estrutura articulada, exerce seu ministério segundo a vocação recebida.

Pelo que se refere aos chefes das comunidades, Clemente explicita claramente a doutrina da sucessão apostólica. As normas que a regulam se derivam, em última instância, do próprio Deus. O Pai enviou Jesus Cristo, que por sua vez enviou os apóstolos. Estes depois mandaram os primeiros chefes das comunidades e estabeleceram que eles fossem sucedidos por outros homens dignos. Portanto, tudo procede «ordenadamente da vontade de Deus» (42). Com estas palavras, com estas frases, São Clemente sublinha que a Igreja tem uma estrutura sacramental, e não uma estrutura política. A ação de Deus que sai a nosso encontro na liturgia precede nossas decisões e idéias. A Igreja é sobretudo dom de Deus, e não uma criatura nossa, e por isso essa estrutura sacramental não garante só a ordem comum, mas também a precedência do dom de Deus, do qual todos temos necessidade.

Finalmente, a «grande oração», confere uma abertura cósmica aos argumentos precedentes. Clemente louva e dá graças a Deus por sua maravilhosa providência de amor, que criou o mundo e que continua salvando-o e santificando-o. Particular importância assume a invocação para os governantes. Depois dos textos do Novo Testamento, representa a oração mais antiga pelas instituições políticas. Deste modo, após a perseguição, os cristãos, ainda sabendo que as perseguições continuariam, não deixam de rezar por essas mesmas autoridades que os haviam condenado injustamente. O motivo é, antes de tudo, de caráter cristológico: é necessário rezar pelos perseguidores, como o fez Jesus na cruz. Mas esta oração tem também um ensinamento que orienta, através dos séculos, a atitude dos cristãos ante a política e o Estado. Ao rezar pelas autoridades, Clemente reconhece a legitimidade das instituições políticas na ordem estabelecida por Deus; ao mesmo tempo, manifesta a preocupação de que as autoridades sejam dóceis a Deus e «exerçam o poder que Deus lhes deu com paz, mansidão e piedade» (61, 2). César não é tudo. Emerge outra soberania, cuja origem e essência não são deste mundo, mas «do alto»: é a da Verdade, que tem o direito ante o Estado de ser escutada.

Deste modo, a carta de Clemente toca numerosos temas de perene atualidade. É ainda mais significativa, pois representa desde o século I a solicitude de Roma, que preside na caridade todas as demais Igrejas. Com o mesmo Espírito, elevemos também nós as invocações da «grande oração», onde o bispo de Roma assume a voz do mundo inteiro: «Sim, Senhor, fazei que resplandeça em nós a vossa face com o bem da paz; protegei-nos com vossa mão poderosa... Nós vos damos graças, através do Sumo Sacerdote e guia de nossas almas, Jesus Cristo, por meio do qual seja dada glória e louvor a vós, agora, e de geração em geração, pelos séculos dos séculos. Amém» (60-61).


[Tradução realizada por Zenit.
© Copyright 2006 - Libreria Editrice Vaticana]






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