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Poesias-->Variações sobre o mesmo tema -- 24/02/2005 - 14:01 (JANE DE PAULA CARVALHO SANTOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Parte de mim quer ficar,

parte quer sumir



Parte deseja o mundo,

parte, a inconsciência



Parte de mim mantém-se ereta,

parte rasteja



Parte anseia pelo agora,

parte conta os dias.



Metade de mim escreve

a outra metade canta

e ambos os meios em nada coincidem

com os nove versos primeiros



Por que meu todo é absolutamente

incoerente.



---------------- ooo ----------------





Às vezes busco o céu

longe, no brilho da estrela

mais longe ainda

onde a retina adivinha

pulsos outros

de outros sangues

ou outras faces exangues



Fixo, assim, meu olhar estrangeiro

emana ondas de frustrações coletivas

de minhas incompletas concepções.



Mas, que lixo,

ser poeira cósmica

neste infinito.



---------------- ooo ----------------





Inês acordou certa manhã

abriu a janela

aspirou o odor fétido do mundo

ligou a tv

e absorveu o mal empacotado

foi à padaria

e o português lhe roubou no peso

beijou a filha, na volta

e desejou muito esquecer

a bagagem de manhãs iguais

– tão sordidamente iguais

pequenas e sujas –

e encontrar no olhar desbravador da filha

o meio para consertar seu próprio olhar

filtrar seu sangue

retomar a estrada que conhecia antes

e lhe parecia o único caminho...



“e foi onde mesmo que deixei de ser eu mesma?”



Mas a filha tinha pressa

e pouca paciência para as crises maternas.



Inês olhou o arsênico

branco, convidativo

a única coisa limpa e verdadeira.



Os familiares cantaram

“dust in the wind”

na missa de sétimo dia.



---------------- ooo ----------------





Fico pensando se lá no seu novo mundo,

lá nos umbrais

na ante-sala do além

Inês terá encontrado um bom ouvinte

que se reconheceria nas histórias ouvidas



O poeta disse uma vez

que as dores de amor são iguais

por que o amor é um só.



Parafraseá-lo-ei:

as dores de tristeza são iguais

por que a solidão é uma só...



e olhe lá, neste meu mergulho

– sem snorkel, sem respirador –

assim, de chofre em minhas angústias...

agradeço a ausência de outra substância danosa

que não meu doce, antigo, fiel e amigo

companheiro cigarro.



Dirão os asseclas da tese

“mens porca in corpore sano”

que me mato aos poucos...



Tudo bem

Não tenho, ainda, a pressa da Inês.

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