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cronicas-->Perdido na Metrópole (23) A gripe pocotó! -- 03/07/2003 - 15:38 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Perdido na Metrópole
Silvio Alvarez
Ilustração: Bruno César

Como em época de Copa do Mundo, quando todos os brasileiros se transformam em técnicos de futebol, em temporada de gripe todo mundo vira médico. Já perceberam? Ou é só comigo? Estou com uma gripe danada. Os médicos do cotidiano já me receitaram de tudo. Chás, xaropes, pastilhas, comprimidos... Iiiih! E todos vêm dando bronca como se você quisesse estar doente. Aí aparecem todas as considerações possíveis. Aquela unha encravada mal tratada na infància! Falta de cálcio na parafuseta! Andar descalço em casa. Minha kitchenette-lar é tão pequena que não dá tempo para colocar o chinelo. Penso, logo chego.

Nunca ouvi tantos nomes de remédios diferentes. Tomei uma boa parte deles. Para gripe e tendinite. Mix medicamentoso. Meu braço já não sabe mais se dói ou espirra. A coisa está feia para o meu lado.

Desburocratizaram as farmácias. Não sei se isto é bom. Só sei que aquela tarja vermelha (venda sob prescrição médica) não serve para absolutamente nada. Sugiro chegar à farmácia com um nome de um remédio na cabeça. Senão te deixam ainda mais maluco e doente. Aquele lance de genérico também não pegou. Apenas para o diagnóstico gripe me ofereceram uma dez coisas diferentes de todos os preços. Caso seja uma gripe económica, mais barata, vai um comprimidinho cor única. Agora se forem aquelas de gente rica, coisa fina mesmo, melhor levar uma caixinha com cápsulas duas ou três cores, um chá de saquinho e um xarope. Pode não resolver nada, mas é bem mais chique!

O nome do remédio que estou tomando é tão esquisito que assusta. Trimedal. Que medo! É a gripe Pocotó, vem a galope. Por falar em Éguinha Pocotó uma leitora supersimpática me enviou um e-mail que parecia um livro. Como se fosse em uma capa de um original para editora estava escrito: A Grande Cavalgada. Dentro, alguém teve a pachorra de escrever sem espaço algum: pocotópocotópocotópocotó. Teria sido engraçado senão fosse a minha infeliz idéia de imprimir. 110 páginas só com pocotós. Fui perceber na 35º apenas. Não foi desta vez que perdi o emprego.

O Genival, meu computador, está meio largado. Não tenho falado muito em sua figura ultimamente. Eu com gripe tendinite e ele tirando sarro da minha cara. Está certo que de vez em quando tenho espirrado em sua tela. Escapa! Fica um barato! Cheio de bolinhas coloridas! Achei graça e ele não gostou. Vivemos entre tapas e beijos. Eu e este ser virtual!

Mudando completamente de assunto, para não perder o hábito. Estou lançando um manual com perguntas básicas para perdidos em metrópoles. Comecei a selecionar algumas pérolas. A seguir.

Por que todo motorista acelera em nossa direção mesmo sabendo que o semáforo estará fechado para ele. Será o desejo de nos atropelar?

Por que todo saquinho de supermercado arrebenta? Foi feito para arrebentar?

Por que todo cobrador de ónibus deixa a unha do dedo mindinho comprida? É lei federal?

Por que os motoristas de ónibus das grandes cidades gostam de brincar de piloto de Fórmula 1?

Depressão é doença. Mas em algumas ocasiões pode ser estado de espírito. Em alguns dias não reparamos em nada de errado. Mas têm outros... Ihhhh! Nem cheguem perto.

Ontem, estava olhando feio para criancinha de colo. Elas me olhavam e abriam o berreiro. Pois não é que inventei de entrar em uma livraria para sugerir uma pequena futura provável hipotética reunião para comemorar um lançamento de uma de minhas colunas em uma nova revista. A dona do lugar me olhou dos pés à cabeça. Com cara de quem chupou limão. Pensei com meus botões. Pronto, minha calça rasgou em três. Devo estar mostrando minha nádegas a ela sem saber. Não estava. Era má vontade de me atender mesmo. A simpática senhora mandou que eu falasse com seu funcionário. Fui. - Este assunto o senhor tem que tratar com aquela senhora. Eu já sabia, mas... Voltei a falar com a dita cuja e ouvi. - Ahhhhh! A esta hora! O que o senhor quer! Eu não quero comprar...Está bom, vai fala.

Está bom? Vai? Fala? Esta foi demais. Eu disse com uma calma celestial: - Eu simplesmente esqueci o que é que eu queria fazer neste agradável local. Saltei fora. Nunca mais piso lá. Radical? É que vocês não viram a cara dela. Saí dali mordendo poste. Observação: a livraria está sempre às moscas.

Belezura! Fui ao supermercado de sempre. Na tradicional fila do caixa, à minha frente, um menino de uns oito anos de idade com duzentos gramas de mortadela, preocupado que tinha perdido cinquenta centavos. Faltariam dez centavos para a sua compra. Propus. - Fique atrás de mim. Pego o meu troco e te dou o que faltar. No meio do processo ele todo feliz achou os cinquenta centavos perdidos. Problema resolvido. Chegou a minha vez de pagar a conta. Onze reais e dez centavos. Eu não tinha os dez centavos. O menino não teve dúvidas. - O senhor pensou em me ajudar e eu que agora tenho a chance. Sem pestanejar me deu os dez centavos. Obrigado! Ainda agradeceu. Fiquei desconcertado e feliz.

Acho que não custa ser otimista e esperar que toda esta nova geração que está vindo por aí seja assim! Belezura!

Silvio Alvarez é assessor de imprensa da banda rock pop YSLAUSS, artista plástico de colagem e colunista. silvioalvarez@terra.com.br
Ilustração - Bruno César: brunoartes@uol.com.br
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