ENERGIA
(Num findar de ano, da vida, do amor...)
Vou partir,
morrer como morre toda gente,
morrer como cada ano morre,
pra que outro comece novamente.
Mas quero minha morte
da morte diferente.
Que ela anuncie
a vida, o amor,
o sol nascente,
o calor da minh’alma,
a doçura e a calma
do olhar embriagador
do meu último amor.
Que ela seja
motivo de alegria,
que não lembre a noite,
mas celebre a vida
- a minha vida -
que vai desabrochar
inaugurando cada dia.
Que meu suspiro
não seja derradeiro
nem me entregue ao marasmo,
mas seja a esperança
do chorar primeiro
e guarde o encanto
e a surpresa
do primeiro orgasmo.
E eu ficarei
na luz do sol,
no raio do luar,
no perfume da flor.
Para sempre estarei
no coração de cada amigo,
n’alma de cada amor.
E a estrela anunciará,
ao depois da partida,
que a morte desistiu
e aconteceu a vida!
...
O Poeta não morre,
se transforma em semente
que se multiplica
e vive eternamente.
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