Não se chora só quando se tem dor,
também choro há na súbita alegria
por um fato bastante abrasador
que tira a nossa alma da vida fria.
Seja o fato um triunfo encantador
que somente era visto em fantasia,
ou mesmo um elogio alentador
proferido com muita cortesia.
Esse contento, que tira a nossa alma
de um estado de grande expectativa,
ou de um estado que se via em calma,
com as lágrimas se torna revelado
porque são elas, nessa hora festiva,
esse contentamento degelado.
(21-10-1990)
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