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Contos-->Paz -- 01/05/2004 - 13:11 (Bruno D Angelo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os enfermeiros da Clínica de Desintoxicação foram os primeiros a acharem Armando pela manhã. Dependurado pelo pescoço, por um pedaço de corda velha, ele exibia um semblante de aparente serenidade. “Morreu na paz”, deixou escapar o encarregado de limpeza, assim que adentrou ao cômodo e viu o assombroso quadro. Os outros espectadores não tiveram a mesma serenidade, e chocados, não removeram o corpo até a chegada da polícia. Suicídio comprovado, restou aos familiares lamentar o ocorrido.
Era a terceira clínica consecutiva, em menos de um ano, por qual Armando passava sem esboçar qualquer tipo de recuperação. Mesmo assim, a frustração foi grande. Os pais de Armando ainda acreditavam em um melhora e já haviam até marcado outra internação. Dessa vez em uma clínica psiquiátrica, segundo eles, a solução definitiva. Não deu tempo. O paciente deixou claro que não compartilhava das mesmas esperanças da família
A peregrinação de Armando começou há dois anos, aproximadamente, quando sua mãe notou certas alterações em seu comportamento. Depois de um pente fino passado em casa e incansáveis súplicas por parte dos pais, Armando foi levado a confessar. Alterado pelo efeito da droga, ele chorou, esperneou, culpou o pai, bateu na mãe, ameaçou o suicídio, mas acabou concordando em se internar no dia seguinte.
Cocainômano desde os dezoito, Armando então com vinte e sete anos, experimentava, pela primeira vez, as dores da abstinência. Num de seus surtos psicóticos, quase matou a médica plantonista. Armando achou que ela fosse uma alienígena assassina, e se não fosse segurado e sedado pelos enfermeiros, certamente teria estrangulado a doutora.
Aos poucos, Armando deu sinais de melhora. Quase não tinha mais crises e ele próprio resolveu se dar alta. Seus pais, contentes com o progresso apresentado, não contestaram. O problema foi que semanas depois, a mãe de Armando notou, mais uma vez, mudanças no comportamento do filho. O que culminou em mais uma internação. Durante dois anos, tudo se passou dessa forma: Armando entrando e saindo de clínicas. Sem perspectiva de melhora.
Seu flerte com o suicídio começou mais recentemente, há cerca de três meses, quando, cansado de tentar ficar limpo, encontrou um pedaço de corda velha no espaço de limpeza da clínica. Decidiu, assim, cessar com a fadiga que tomava conta de si. Na primeira tentativa, amarrou a corda em um suporte de metal instalado no teto do quarto e derrubou a cadeira em que se apoiava. Foram alguns segundos da mais profunda agonia, até o nó desfazer-se e Armando cair como um parvo no chão. Alegria e decepção misturadas, ele achou melhor adiar sua execução.
Inúmeras tentativas se seguiram e todas acabavam incidindo no mesmo erro. Armando nunca pensou em mudar o método, parecia disposto a seguir até o fim, obstinado à procura do nó perfeito e derradeiro.
Foram nessas tentativas, que durante uma noite de domingo, depois da visita familiar, Armando sentou-se na cama e contemplou a maravilha que tinha criado. Então ele disse: “Está consumado”.
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