Brasília, 15/10/2004 – 10:57h
Contra mim, uma lista inumerável
daquelas coisas que não criei,
tampouco desejei, mas que estão aí a me encarar.
Contra mim, os dias fixos, colados na parede e no papel,
e que no entanto passam mais rapidamente
do que meu rosto gostaria de enfrentar.
Contra mim, os olhos que algum dia sorriram
em fotografias que o tempo há de,
(implacável, como é sua tarefa sê-lo),
ir pacientemente descorando enquanto
vai tenebrosamente cristalizando mágoas.
A meu favor, este sentimento teimoso
e obstinado de ir contra a corrente,
próprio de quem nasceu pra marginal
e foi criado pra beata...
A meu favor, o jardim oculto
onde me refugio nas horas
em que a outra me nega abrigo.
A meu favor, o azul claro e confiante
dos teus olhos e as palavras que
eles revelam quanto mais silentes
os lábios teus.
A meu favor: eu
|