Uma vez, em uma das minhas viagens pelo Brasil, onde eu corro desesperada, em busca de compradores para meus produtos, o vôo atrasou. Fiquei impaciente, tinha uma reunião importante com revendedores, seria o fim.
Procurei a recepcionista do aeroporto, todas com aquele sorriso falso e uma educação que chega a ser irritante e disse suavemente:
- O tempo não está propício.
- E quando vai estar?
- Senhora, não posso te responder.
- Aqui não tem central meteorológica?
- Tem, mas, infelizmente não tenho acesso.
- Minha empresa está um jogo.
Ela sorriu cordialmente e disse:
- Senhora, relaxa que tudo vai dar certo.
Mas senti que na verdade ela queria dizer o que ela tinha haver com isso.
Encaminhei-me para a sala de espera, e pelo visto era a mais desesperada, comprei um pacote de biscoito enquanto dava importantes telefonemas, do meu celular quase descarregado. Acomodei-me com minhas bolsas num minúsculo sofá e comecei a devorar aquele biscoito.
Um homem que estava sentado no meu lado pegou um biscoito do meu pacote. Cada um que eu comia, ele pegava outro em seguida, fiquei tão indignada que não encontrei palavras para dar um fora nele. Cada biscoito que ele pegava eu o xingava de coisas impublicáveis. Fiquei com muita raiva, não acreditei até onde chegava a cara-de-pau dos seres humanos. O tempo não passava, o biscoito foi se tornando indigesto. Até que sobrou o último, fiquei parada com o pacote na mão, ele pegou dividiu e me deu uma parte. Soltei um suspiro de indignação, e finalmente o vôo foi liberado. Peguei rápido as minhas coisas e o desconhecido teve a coragem de dizer tchau e balançar os dedinhos. Que ódio! Que raiva!
Lancei um olhar feroz e virei o rosto, esbarrei com aquela aeromoça cínica, e ela disse:
- Viu? Tudo se resolveu
- Cala essa boca! Disse impaciente.
Nem olhei pra trás e nem vi os outros passageiros. Chegando no avião, fiz o já costumeiro malabarismo da classe econômica, e fiquei lembrando daquele homem inconveniente, durante as 4 horas de viagem.
Cheguei na minha cidade de destino, peguei um táxi e na hora de pagar levei um susto. O pacote de biscoito estava lá intacto. Enquanto me alojava num hotel três estrelas, botei minha cabeça pra funcionar e entendi o que havia acontecido.
Na minha pressa, coloquei o biscoito dentro da bolsa e fiquei com celular na mão, e quando sentei vi o pacote abri e comi. Que vergonha!
O biscoito era do homem, eu era a errada, a mal educada, a cara-de-pau. Isso me deixou intrigada, eu praticamente furtei o biscoito e ele nem ligou em dividi-lo comigo, comecei a refletir sobre isso, passei a dividir minhas coisas também.
A reunião foi um sucesso, tive bons lucros, e na volta pra casa, de novo o vôo atrasou e eu ofereci biscoitos a uma senhora que estava no meu lado e conversamos sobre negócios, levei um susto, quando ela falou que ra dona da Megatronic, essa empresa que fabricava meus produtos. E nesse momento acabei se ser promovida.
|
