Brasília, 08/mar/2005
Olha aí,
eu sei que é bacaninha,
moderno e coisa e tal,
ser dona do seu nariz,
cuidar do seu próprio mal.
Trabalhadora, mãe,
dona dA casa, imperatriz,
mulher sarada, resolvida,
e outros adjetivos .
Legal.
Você consegue, eu consigo.
Até aí, tudo igual.
Mas quer saber?
Tenho horror
a este machismo às avessas,
do tipo “eu não lavo travessas,
não faço serviço de casa,
não cozinho pro meu homem,
se quiser que mate a fome
no buteco da esquina,
na pia não vou nem à beira,
não nasci pra cozinheira...”
É um porre, um porre e tanto,
aquela cara de espanto,
digo quase de terror,
com que nos olham as iguais
se um dia somos banais
botamos os aventais
e fazemos um prato,
daquele bem caprichado,
pro homem do nosso amor.
Quer saber?
Me enche o saco
tanta mediocridade
vestida de modernidade,
tanta falta de amor.
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