ESCRAVA PRIMITIVA
“O bom escravo é o pior senhor”.
Provérbio.
Não quero me lembrar daquelas cenas
que o tempo encampa e que meu peito oculta,
nem me lembrar, tampouco, ou um pouco, apenas,
que a conheci mulher, sem pejo e estulta.
Nem quero me lembrar dos seus problemas
velhos ou novos - que o prazer sepulta,
das crises que impiedosas, às dezenas,
a inteligência e o amor, agride e insulta.
Nem mais saber da fêmea primitiva
com quem nas agressões fúteis me esbarro,
nas corredeir’às soltas e à deriva,
escrava do enfisema e do pigarro,
daquela tosse rouca e convulsiva,
daquele cheiro intenso de cigarro.
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