Brasília, 9/mar/2005
As palavras, para mim, são como tu:
apropriam-se de mim,
invadem-me os espaços.
Mas as palavras ainda são poucas
porque nem sempre dizem.
Elas falam e se repetem.
E ainda assim, poucas.
Tu, diferentemente, és único.
Mas muito.
E está em toda parte que me penso.
Acho que ando a te dar mau costume
de tanto poema que te escrevo.
Quando vejo, as palavras,
independentes como tu
e,como tu,irreverentes,
estão lá no papel,
ainda que a minha revelia,
rindo de mim,
cheias de dentes.
E eu rio,
mesmo sendo contrariada.
Leio-te nas palavras
e rio por dentro:
ali estás, todo.
Ainda que tu mesmo
não vejas.
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