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Contos-->Vamos a Lisboa -- 13/05/2004 - 20:28 (Don Cuervo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Como sempre o dia amanheceu lindo na freguesia de Chão de Couce. Mais lindo ainda porque eu e meu primo fariamos uma pequena viagem a pé até Ancião no distrito de Leiria - Beira Litoral.

Nosso destino mesmo era Lisboa, sim tinhamos 22 anos e ainda não conheciamos Lisboa. Tinhamos parentes por lá e a viagem foi combinada.

Era o ano de 1952, estavamos eufóricos. Sexta-Feira, era setembro, não me lembro o dia. Ás cinco da manhã já estavamos de pé com tudo arrumado do dia anterior. Mamãe preocupada, embrulhou em um bornal alguns pães que comeriamos durante a viagem.

Papai nos abraçou e nos fez últimas recomendações: Cuidado com cidade grande, as raparigas, coisas desse tipo.

Pé na estrada, e vamos nós para Lisboa curtir aquela que seria nossas primeiras férias longe da nossa querida Chão do Couce.

Conversa vai, conversa vem e de vez em quando paravamos em alguma freguesia para descansar um pouco e sempre o lugar ideal era perto de algum ferreiro ou barbearia. Quão surpresos ficavamos de saber que eramos conhecidos por toda aquela região sem mem mesmo termos um dia passado por lá.

Muito bem diziam os anciãos: -Então os gajos são filhos dos Andradas de Chão de Couce ? Sejam bem vindos na freguesia. E lá iamos nós com mais recomendações: - Cuidado com Lisboa, não sei como os Andradas soltam duas crianças que nunca viajaram na vida.

No outro dia às 3:30 da tarde chegamos em Lisboa. A cidade era linda naquela época. Com um papelzinho na mão procuramos de novo uma barbearia para nos orientar. Me lembro até hoje, a barbearia do seu Oliveira estava lotada. Duas cadeiras, uma era do aprendiz que se chamava Dias e cobrava a metade do preço. Quem quizesse arriscar...

Muitos alí eram aposentados ou desocupados que não tinha o que fazer e estavam dispostos a dar informações. Notei um papagaio que comia na porta de entrada e falava besteiras. Soube outro dia que seu Oliveira já aposentou, mas o papagaio ainda está lá, dizem que é o mesmo e o Dias e o titular com um outro aprendiz, o Ferreirinha.

Mas voltando ao assunto, perguntei: - Me diz aí alguém dos senhores, como faço pra chegar a esse lugar aquí do papel ?

Um senhor alto da fala grossa pegou o papel e disse: - Conhece os Andradas ?
- Somos sobrinhos , respondemos.
- Pegue aquele bonde e vai até o fim da linha. Quando chegarem perguntem novamente. É alí perto.

Saimos correndo e meu primo conseguiu pegar o bonde no que eu depois de alguns tropeços fiquei para tráz. Mas não desisti e continuei a correr atráz do bonde com grande incentivo do meu primo, até que o bonde parou no próximo ponto para pegar mais passageiros.

Entrei bastante cansado não podendo nem mesmo falar. Quando fui pagar a passagem o cobrador me disse que não precisava correr tanto visto que não demoraria e outro bonde passaria, mas em uma coisa eu tinha levado vantagem. Seria descontado alguns centavos pelo trajeto que fiz correndo a pé.

Foi aí que o meu primo levantou-se e disse ao cobrador: - Então pare um ponto antes que eu vou a pé, também quero economizar esses centavos.

Don Cuervo


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