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Cronicas-->A Autoria do Anonimato -- 11/07/2003 - 16:14 (Tiago Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Tiago, você é escritor mesmo?
- Não. Eu tento ser um. Sempre lendo, anotando, observando, pesquisando. Acho que estou conseguindo.
- Mas, daqueles que escrevem mesmo?
- Não, daqueles que cantam, dançam e assobiam. Escrever mesmo...
- Falando sério, você escreve mesmo?
- Claro. Se estou tentando ser um escritor, tenho que escrever. Quer que eu faça o quê ?
- Mas qual o motivo que te leva a escrever.
- Gosto de histórias. Gosto de ler, ouvir, contar. Escrever as histórias.
- Mas de onde elas vêm.
- Acontecem por aí e eu fico sabendo. As pessoas me contam alguns casos, muitos deles acontecem comigo. Outros, ouço da conversa alheia, no ónibus principalmente. Andando pela cidade pode-se ver várias coisas. Tudo vira crónica, conto, romance, piada. Lendo o jornal logo pela manhã, uma variação de assuntos podem surgir.
- A briga do PT, por exemplo.
- Pois é. Uma guerra de barbudos aquilo. Parece mais lesbianismo.
- Mais você pretende ser famoso, vender um monte de livros como o Paulo Coelho?
- Não.
- Mas me disseram que todo escritor quer ser famoso.
- Quem te disse isso está redondamente enganado.
- Então me diga o porque os escritores menos conhecidos sempre estão atrás de editoras?
- Para poder sobreviver de sua arte. Viver apenas da sua escrita, da sua labuta diária de organizar um mundo caótico, dentro da sua cabecinha, através das palavras.
- Então você também quer vender livros?
- Não. Ainda não escrevi nenhum. Escrevo apenas Cronicas. Escrevo por hobby, por devoção, como uma terapia. Escrever me acalma. Pretendo viver de outro tipo de trabalho, ser professor, dar minhas aulas. Mas nada me impede de continuar escrevendo.
- Suponhamos que você escreva um romance. Vai querer publicá-lo?
- Se eu achar que é um bom romance, que valha a pena torná-lo público, por que não haveria de faze-lo?
- Então você quer ser famoso?
- Não. Nada disso. Muitas obras famosas não tem autoria. As piràmides do Egito é um exemplo: são desprovidas de autores. Alguém foi lá e fez, arquitetou aquela maravilha e não assinou a obra. Assim são também os templos do Vale dos Reis, as esculturas e os templos gregos. Séculos se passaram, depois da invenção da escrita, sem a existência de obras assinadas, sem propriedade de obra, com direitos ou rendas.
- E quando as obras passaram a ser assinadas pelo seu criador?
- Isso eu não sei, mas acho que a partir do momento que o homem, que antes se via como ser humano, começa a se ver como indivíduo, como ser apenas um. Quando o homem começa a perceber a diferença de cada indivíduo humano, suas particularidades, suas individualidades e sua privacidade.
- Então o homem começa a se tornar egoísta. O egocentrismo toma conta de sua arte.
- Eu não diria egocentrismo, diria que a consciência da unicidade faz com que a vaidade aflore junto com a questão do ser, no sentido de existir. Então o homem passa a assinar o que antes mantinha no anonimato.
- "Vaidade de vaidades! tudo é vaidade."
- Isso é Salomão ?
- Não sei, li isso na porta de uma igreja. Tenho um primo religioso.
- Por falar em religiões, elas devem ser as primeiras a colocarem uma premissa de autoria. Deus é o grande autor, criou os céus, a terra e tudo o que nela habita. Seja lá o nome que tenha esse deus.
- Mas se o Homem deixa de acreditar no seu deus, ele deixa de existir. Então o grande autor é o homem, que criou seu deus antes dele o criar.
- Tem toda razão. Mas vamos continuar esse papo outro dia que a coisa está ficando profundo demais. Hoje eu quero é beber um pouco.
- Verdade, chama o garçom, senão ele não vem atender.
- Garçom, mais dois chopes...
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