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Contos-->CONTO CONTIGO -- 20/05/2004 - 10:38 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fernando Zocca




- Aquele que não possuir dívidas, atire seu primeiro xingo. - Embrulhando os pães pedidos, o magricela velho ensinava-me, modorrento, como se aquilo o consolasse e confortasse também.
Ele passara por momentos ruins naquela sua vida de comerciante. Mas graças a uma artimanha sutil, pudera restabelecer as forças deixando de ser devedor contumaz, transformando-se em credor de sucesso.
Ele percebeu ser possível enricar se o cliente ao comprar um quilo qualquer de mercadoria, pagasse seu preço justo, mas levasse 800 gramas.
Ele denominara aquela técnica de “balança louca, maluca ou desequilibrada”. Com ela ria da ingenuidade dos tolos enganados, afagando e guardando, sempre com carinho, o dinheiro recebido.
Nem mesmo os fiscais, encarregados das aferições, conseguiam descobrir aquele seu segredo. A artimanha proporcionara-lhe depois de cinco longos anos de uso intenso, um certo acúmulo de riqueza. Ele jamais a conseguiria se trabalhasse honestamente, sem lançar mão do ardil.
Esse estratagema tinha como condição única, para funcionar, a manutenção do segredo por ele portado.
Toda sua vida dependia da balança maluquete. Tudo por ele ganho, ganhou-o em decorrência do instrumento corrompido. Por isso procurava, com muito jeito, descobrir qualquer dúvida ou suspeita, em ventura pairantes, nas mentes dos consumidores ingênuos.
A balança “bêbada” e desregulada dava-lhe o equilíbrio financeiro. Os valores falsos por ele usados, pra ludibriar as pessoas, continham o “algo a mais” ou “a menos”, causador do enriquecimento ilícito.
O carcamano dos infernos, quando se via açodado, com medo de lhe pregarem multas, vinha pra casa e, nervoso, estiolava pela cinta, a filha que. por ser muito bela, tinha de se conter.
Ela não podia cantar; não podia conversar com os meninos; não podia pular corda defronte a casa, e nem conversar em tom baixo com as amiguinhas. O cara, quando a via, virava logo um maçante iroso.
A menina, pobrezinha, nunca sabia porque apanhava. Aquele olhar de tarado, que ele fazia, lhe arrepiava as costelas e o cangote.
Não raro o odiento avançava furioso, querendo puni-la com pancadas. Talvez fosse o jeitão dela o contemplar. Talvez fosse a expressão fisionômica, com que ela o fitava, o traço detonante da fúria impressora de nódoas, indeléveis, na sua pele branquinha.
Um dia certa amiga opinou que o pai malvado julgava-a usuária dos mesmos métodos por ele empregados pra agir com as demais pessoas. Ou seja, projetava nela a lascívia com a qual era formado. Achava ter ela a mesma índole dele, e por isso, deveria modifica-la, usando muita energia.
Ele era falso, traíra e safado. E assim considerava, aquele escroto chato, todos os demais circundantes.
Viram que ele não batia bem dos pinos quando tentou, pra livrar-se de inchaços, no pezão esquerdo, aplicar ventosas cônicas.
Porém a sorte do malvado luxurioso mudou quando, por comer açúcar em demasia, e engordar muito, sofreu um infarto no miocárdio.
Não bateu a caçoleta por pouco.





Contatos para materialização deste trabalho em HQ, livro ou filme, podem ser feitos com o autor pelo e-mail benjaminconstant@ig.com.br

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