ELOS
O elo que nos prende,
nada é maior que a dor da tua falta
e nada é maior que meu amor,
nem essa lua,
que se repleta da luz do sol
e sobre as águas derrama sua luz,
reflexo excitado do meu bem.
Veste prata,
eu me visto de teus olhos,
roubo teu sono,
acaricio tua sombra,
passa nos meus lábios teu nome,
cumpre meus olhos
seguir teus torpores tristes
e meu peito, que conhece teus gemidos,
acordarem minhas lágrimas,
algemas de tuas palavras
falando teus olhos do infinito.
Vazias tuas mãos,
correm suaves sem me alcançarem,
deitadas ao vento constante,
esse que não deixas saudades
em seu beijo certo
bolinando teus cabelos,
anunciando a manhã mortal,
eu me perco de tuas mãos, meu Anjo,
o astro fanal me desfaz os sonhos.
Sobra tua existência errante,
apenas a sede de teus caminhos.
Sumamente eu me despeço vazio
levando para outro noturno
essa metade arrancada do meu peito,
de minhas entranhas,
de tudo que se denomina
e de tudo que me acusa a existência.
Teu vôo ao sol, cego,
pede de beber noutras bocas,
te embriagas noutros perfumes,
outrora, chora desgarrada,
espera outro noturno,
deixa a lua morna renascer e
volta a se abrigar no meu amor,
Nosso elo.
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