Há corvos que crocitam
nos corredores dos hospitais,
máquinas de fazer café
que esperam os doentes da manhã,
palavras difíceis de dizer
como cirurgião,
telefones móveis para uso oficial
de jovens directoras
com cio,
verdades que têm de ser ditas
entre dois electrocardiogramas,
sinais de desorientação sexual
nos maqueiros da melancolia,
pérolas a porcos
no fundo umbigo das enfermeiras,
cadáveres brancos como aspirinas
nas salas de espera
da eternidade.
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