Longos círios no antro frio do recolhimento,
Pensamentos sobre o amanhã, o porvir,
Sob a luz fraca da chama, versos esparsos...
Rosas rubras transpiram coortes de cortejos,
Conspirando em prol da imortal Poesia.
A vela queima, as horas passam, e eu ardo
Nos seus tons, ora intensos, ora suaves...
Chaves, nos enclaves do sonho e da realidade,
E portas, escuras, medonhas, degraus traiçoeiros...
Levo o círio...
Vibra o silêncio na chama purificadora...
Na lareira incauta, impávida, não mais pálida,
Outras velas afins fundem, alaroças, no marfim,
Selando aromas exóticos nos frios nevróticos,
Jurando amores e votos pros devotos tremores
Da mesma vela queimando, devassando noites,
Perpassando a frenética exalação de rosas...
© Jean-Pierre Barakat, 24.11.2000
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