152 usuários online
Poesias-->EXERCÍICIOS -- 25/11/2000 - 01:23 (rubens jardim)
Sou o Rubens Jardim, 54 anos, jornalista e poeta. Participei das antologias 4 NOVOS POETAS NA POESIA NOVA(1965,Edição dos autores), ANTOLOGIA DA CATEQUESE POÉTICA ( Ed. ILA Palma,1968,SP) , VÍCIO DA PALAVRA ( Ed. Coop. Garnizé,1977,SP), e POESIA DEL BRASILE D OGGI (Ed. ILA Palma,1969,Palermo, Itália). Publiquei também os livros de poemas ULTIMATUM (Ed.Texto,1966,SP) e ESPELHO RISCADO (Ed.Cadernos de Poesia,1978). Promovi e organizei o ANO JORGE DE LIMA em 1973, (data comemorativa dos 80 anos do poeta alagoano) , publiquei JORGE, 8O ANOS (uma espécie de iniciação à parte menos divulgada da obra do autor de Invenção de Orfeu) e fiz conferências sobre o poeta. Integrei o movimento CATEQUESE POÉTICA, iniciado por Lindolf Bell em 1964, com o objetivo de arrancar o poeta da torre de marfim e lançá-lo na luta para a conquista de todos os espaços possíveis para o poema e para o poeta. Um dos lemas da Catequese era este: o lugar do poema é onde possa inquietar e o lugar do poeta são todos os lugares. EXERCÍCIOS 1 Eu duvido da vida da vida devida da dívida da di vi sa Deve David dever a vida? Não. Não dou ouvido ao vidro da vida Eu di vi do a vi da e dou o pão di vi di do! 2 Uma pessoa proscrita A imagem:o nó Um poema reescrito A miragem: o pó 3 A rosa real vagueia no mato A rosa real permeia meu tato A rosa real: antiornato. 4 A rosa irreal revela o momento A rosa irreal tutela o invento A rosa irreal: pleno pigmento 5 Dez pétalas nomeadas de novo Dez ovas inumadas no ovo Aprendizagem sempre decimal Coragem lenta final 6 Este poema não diz nada. Da mesma forma que a história não diz tudo. Língua cortada: este poema não fala --falha. E insiste: --dedo em riste. 7 Quem sou eu na carnação do ato: Fausto sem Goethe holograma ou fogo-fátuo? 8 Tua palavra é semente. Minha solidão é serpente. Onde está o bote? 9 Não se apreende um rosto contemplando quadros. O rosto sempre excede à expressão: quadro. Mesmo quando cede --sua sêde de rio --sua séde de água o rosto incide à impressão: quadro. Já não falamos moldura ou outro ornamento ou outro acessório. Mas a própria tela em transbordamento: aquário seco. 10 Anarda era uma viagem dentro do tinteiro. Cor e acorde Anarda era uma âncora dentro do tinteiro. Antes marco e agora traço, Anarda é signo insígnia, dentro do tinteiro. Não diante do papel ou adiante da vida, mas antes e depois (dentro) pois apesar das penas e seus galos mortos Anarda é ave, vôo dentro do tinteiro. 11 Anarda era imprevista como as provisões, o pasto, o repasto. Prato bipartido Anarda se unifica: seu próprio rosto é um retrato. 12 Intacta nas tintas e nos tinteiros recorres, incorres(mesmo sem correr) correção parada, errata.; breve lapso orden(h)ando o tacto(mesmo sem mugidos) moenda, moldura irremovível.; chuva (mesmo sem telhas)através do teto intacto, atado em seu próprio tacto. 13 Não, não adianta libertar a memória de seus vestígios. Nem apagar a lousa. Nem abandonar a sombra cansada numa cadeira. E o sinal definitivo na torre do sarcasmo. Inútil inquirir o tempo, o espelho riscado, os amantes à meia noite. Não há ponte entre o que foi e o que não era. Por isso somos lentos ao abraçar o ambíguo: este símbolo que corrói o sim de todas as bocas e faz do mistério nosso único mister. 14 E subimos então para o avião,e Asa contra os ventos, rumo ao céu, apertamos Cintos e lamentos sobre o corpo. Executivos à bordo e também comissárias Alheias ao nosso canto, e o olhar Preso ao pátio, em sacrifício, Pista coberta de oblações. Difícil abandonar os limites do corpo Sem premir o seio amigo, sem buscar A eternidade entre teus joelhos. Necessário então invocar os deuses E as almas saídas da cidade. Caso contrário quem deterá O curso do rio Trácio: Orfeu Depondo num inquérito ou Ofélia carregando um séquito de imagens? Pra o diabo mitologias, literaturas, Intrusos ilustres. Quando e quando Vamos introduzir sob a face neutra da palavra O fôlego de um atleta E a direção de qualquer caminho? Não, não mais chegar Ao lugar predito por Circe, Nem mais buscar as flores definitivas Da passagem. Que seja esta a última instância de teus apelos Refletidos Tidos Retidos E no entanto e no entanto Esta inexplicável solidão sobre as ex- Tensões dos ares E o absurdo soluço desta criatura que não chega Em nenhum adeus Em nenhuma imagem Em nenhum poema. Será este o chamamento confuso lançado ao sangue? Como poderíamos saber Se duvidamos ser lícito carpir o amante Ausente Ou o morto que não abandonará o seu enterro? Assim mesmo projetamos: esta pa- Lavrando entranhas, Esta bala engolida na infância, Esta Cia., E o cio dos cachorros evocando latidos Latas de lixo E o corpo que usei entre os amigos.