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Contos-->A pequena história da vida de Mariazinha -- 24/05/2004 - 16:34 (Bruno D Angelo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mariazinha não entendia por que seu pai nunca a deixava sair de casa. Era sempre não Mariazinha! Hoje não! Já falei que não e não me afronte, sou seu pai, Mariazinha! Mas papai, por quê? É só uma saidinha, logo volto! Vou ali e volto, só brincar um pouquinho e volto! Vai papai! Não! E lá ia Mariazinha pro quarto ficar trancada o dia inteiro, sem visitas e saídas. Até pra estudar ela não podia sair; era seu pai que lhe ensinava tudo. Era o pai, porque Mariazinha não tinha mãe, só pai, e ele lhe ensinava tudo. E lá ia ficando Mariazinha, cada vez mais burra e confusa.
Então com doze anos, Mariazinha sem amigas ou amigos, vestia-se como uma criança de cinco anos de idade, não assistia TV e nem ouvia rádio. Seu pai, que a ensinava tudo, a ensinou também a fazer filhos e passou a praticar com ela, diariamente. Mariazinha ficou grávida e quando, certo dia, um vizinho, que passava desavisado pela rua, avistou Mariazinha barriguda na janela, a coisa ficou fora de controle. Como, se ela não sai de casa? O avô também é o pai? Boato espalhado pela vizinhança, o pai de Mariazinha escafedeu-se da pequena cidade e levou com ele a filha prenha.
Os dois, agora, eram marido e mulher, pelo menos sob os olhos protetores do divino espírito santo. Mariazinha não compreendia a situação muito bem. Quando sua filha nasceu, com exceção das dores extenuantes do parto, tudo lhe pareceu uma grande brincadeira. Mariazinha ia fazer quatorze anos apenas, e já tinha uma filha para criar, a qual deu o singelo nome de Maria. Agora eram duas Marias, uma filha e esposa, outra, filha e neta.
Assim viveram, durante muitos anos, Maria, Mariazinha e seu pai. Uma família comum, sem maiores transtornos. Pelo menos era o que pensava a nova vizinhança. Quem os visse juntos não poderia imaginar que segredos amorais escondiam. Na realidade, não escondiam segredo algum; para os três, aquela era uma família das mais felizes. Mariazinha porque continuava uma perfeita idiota no mundo. Seu pai porque há muito já deixara de vê-la como filha. E a pequena Maria porque era muito pequena para saber a diferença.
A rotina dos tempos idos permanecia. Mariazinha raramente saía de casa. Quando o fazia, só em caso urgente, para tratar de problemas relacionados à filha; ou ia à farmácia comprar os remédios de Maria ou até a padaria pedir fiado pro leite. Mas o que seu pai e esposo temia, acabou acontecendo em dose dupla. Mariazinha, que parecia ser tão pura, em seu excesso de pureza não arrumou apenas um amante, mas logo dois. Seus dias ficaram divididos da seguinte maneira: as manhãs eram do jovem padeiro; as tardes do ajudante de farmácia e as noites de Maria.
Ao contrário do que pensava o pai, Mariazinha não fazia aquilo porque havia descoberto a relação que mantinha com ele; proibida do ponto de vista moral. Mariazinha fazia aquilo porque havia descoberto que era mulher jovem e linda. Ela podia fazê-lo, então por que não. E tudo acontecia ali, bem na frente dos olhos de seu pai. E ele, que antes exercia um forte domínio sobre seu caráter, agora estava relegado a uma impotência massacrante; como pai, esposo e filho.
O marido em pouco tempo transformou-se em pai novamente. Não porque assim o desejava, mas por uma obrigação imposta pelos novos desejos da filha. Mariazinha, finalmente, havia se desvencilhado do casulo. Aos vinte e três anos começou uma outra vida, que senão lhe parecia mais feliz, posto que é vida e não fantasia, lhe parecia, dessa vez, sua.





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