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Poesias-->Doce Naufrágio -- 20/03/2005 - 01:19 (Luiz Hudson) |
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“ O marinheiro sonha alto
esquecendo de fincar os pés na areia.;
Fica triste por estar em alto-mar
porém, tão longe da sua sereia.
Enquanto isso, em terra firme,
os que jamais enfrentam o mar
a enfeitam com conchas na cintura
para que melhore o seu dançar.
Coloca estrela-do-mar no cabelo
quem cede assim que recebe flores.;
Aquela morena que não sabe nadar direito
bóia nos braços dos admiradores.
Aquele cavalo-marinho pendurado no pescoço
nada na saliva de bocas sedentas.;
Que a deixam quase em pele-e-osso,
sem água, sem sal e...fedorenta.
Ele acha que a espera vale a pena
apenas para ver o seu sorriso.;
Ela enche a casa pequena
com os seus melhores amigos.
Enquanto o marinheiro saltita
ansioso como um golfinho,
Tubarões a devoram no colchão
encharcando os lençóis azul-marinho.
Ela não tira os olhos do mar
com medo que ele volte antes do tempo.;
Mas as ondas vêm lhe avisar
se ele se apressar mais que o vento.
O capitão não sabe o que fazer
com o marinheiro que já chorou um rio.;
Tantas lágrimas que não conseguiu conter
quase afundando o navio.
Ela tatuou o nome dele
para não esquecer quem traía.;
Ele tatuou o dela em vão
pois jamais a esqueceria.
E assim a cama fica tão molhada
que a morena que mal sabe nadar
Morre afogada num doce naufrágio
para sob litros de beijos ressuscitar.
Quando ele volta da viagem
sua morena deixa de cantar e berra
para encher sua boca de beijos...
beijos mais sinceros da face da terra.
Suas ancas se mexem
no ritmo da embarcação.;
Ela nunca enjoa e ainda
soluça pedindo repetição.
Redemoinhos na cama a levam
para o mais profundo dos prazeres:
Trair o marido distante
até completar mil vezes.
E vivem felizes para sempre
até que o apito do navio que irá partir
soe como um presságio
de que tudo irá se repetir.”
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