E o que faz alguém que não sabe a resposta da pergunta da prova? Deixa em branco e parte para outra, ou arrisca responder.
Arrisca errar. Para quem não sabe nada da pergunta e então descobre que não tem nada a perder se tentar responder, ou se tem alguma coisa a perder, o professor vai ficar gozando de sua cara o resto do ano, e sua resposta pode entrar para aquelas situações quase que mitológicas na estória de sua escola. Lá estar à pergunta em letras enormes: "Como amar? Como posso amar e ser amado? O que é o amor?”.
E você não sabe qual é a resposta. Mas resolve arriscar. Vou responder.
O amor é risco. Amar é correr riscos. Mesmo você não conhecendo a resposta, não existe outra maneira de você encontrá-la do que propositadamente se expor ao erro. Amar é se apresentar de corpo e alma a dor e a perda. É descobrir até onde você é capaz de ir para descobrir a sua resposta. De repente sua resposta pode não ser a mesma do professor que elaborou a pergunta, mas foi a resposta que você encontrou.
Como amar? Cada um tem o seu “como”. E encontrar o seu “como” é tão importante quanto encontrar o amor no meio do caminho. Sem o “como”, você não tem a ferramenta para levar o amor a alguém. Mas descobrir esse “como”, que vem antes mesmo do conceito de amor, é o que nos diferencia um dos outros, e seu “como” vai sendo refinado ate se transformar num instrumento capaz de levar seu amor em maior quantidade possível para o outro. Mas continuamos não falando do amor, mas do seu “como”. Da forma como ele se manifesta em nós.
“Como posso amar?”. Olhando nos olhos e sorrindo. O amor estar nos olhos. O amor estar no riso. Não se pode amar, se deve amar. O amor é quase uma obrigação humana, e todos que vão contra, não ficam em pé por muito tempo. Duvidar de sua capacidade de amar não vai fazer você imune ao poder do amor. “Eu posso”.
Se descobrir um ser que pode amar, nos faz obrigatoriamente correr atrás de um amor. E como se de repente descobrirmos que podemos voar. E logo queremos voar. Querer amar faz o amor se manifestar.
“Como ser amado?”, aqui encontramos um nó difícil de desamarrar. Não podemos provocar o amor nos outros. Se o amor é somente doação não podemos forçar a ele ser doado para nós. O amor não tem regras e não tem leis. E todo amor dado por nós, não se tem certeza de que um dia retornará.
Esse é o grande drama de quem ama, de estar sempre amando mais do que é amado ou amando menos do que se é amado. O equilíbrio é muito difícil.
“O que é o amor?”, talvez o amor esteja tão fortemente ligado à vida que é difícil não pensarmos na vida. Assim o amor é o mais importante ingrediente da vida. E sem amor a vida não funciona. Sem amor não somos nada.
O nosso estudante poderá tirar um zero por tentar responder questões que ele não tem a menor idéia do que se trata. Mas não é isso que é o amor. Algo que você aprende arriscando, buscando, sofrendo, caindo, se enganando, errando. Todas as formas de se aprender o que é o amor. E no fim da vida, na velhice, você descobre que amor não se define, apenas se sente e que a melhor maneira de você ter respondido aquelas questões, que um professor seu fez há muito tempo atrás era as deixando para responder agora.
Mas por outro lado deixar a folha em branco, era dar a mesma resposta que todos dariam. No final é melhor buscar preencher o vazio daquelas linhas mesmo que não seja a resposta certa. Porque o amor é para aqueles que tem a coragem de sofrer e errar por ele. Amar envolve sacrifício.Ser amado envolve humildade, e o amor é o tudo dentro do nada e o nada dentro do tudo. Amor é. Nunca foi, e nunca será. Ele apenas é.
