Mães são sempre as mesmas. Acham que a seus filhinhos só pode estar reservado um futuro de glórias. Perguntam: que vai ser meu filho quando crescer? Normalmente, a pergunta não é "será que meu filho vai ser feliz, seja ele o que for?" Tudo bem, até pode ser isso, desde que ele seja médico.
Imagine, caro leitor, um grupo de pré-adolescentes participando de sua primeira "pelada" num campinho de futebol, visto pelos olhos das zelosas mamães. O nome do time é sintomático: Sonho de Mãe Futebol Clube.
O chute inicial cabe ao meia Zezinho, prêmio Nobel em Química pela descoberta da cura de uma terrível doença que tanto dizimou a humanidade. Zezinho rola a pelota para o engenheiro Diego, responsável pela construção da famosa ponte sobre o canal da Mancha. Este tem pela frente o Dr. Rafa, eminente cirurgião plástico, preferido por nove entre dez celebridades artísticas. O jovem "pitangui" consegue roubar a bola, corre para o campo adversário. A torcida se entusiasma: Julinha, famosa modelo internacional, começa a berrar, imitada pela conhecida apresentadora de TV Gisele. Ambas estão de olho no banco de reservas, onde pontifica a cabeça rapada do mulatinho Zezé, nova sensação do futebol, digno sucessor de Pelé e Ronaldinho. É isso minha gente! Dr. Rafa se acerca perigosamente da área inimiga. Tem pela frente o grande cineasta João Vítor, vulgo Vitinho. Os dois trombam de frente. O cirurgião cai, contundido. Parece feito de silicone, minha gente. Os torcedores do Sonho reclamam pênalti. O bandeirinha Cisso, costureiro de renome internacional, não confirma. O jogo prossegue. A pelota é recuperada por Cauê, reitor da Unicamp, com pós-doutorado na França. Dá um drible no Ministro da Educação, Zé Eduardo. Aproxima-se da grande área. Perigo!
É barrado pelo beque Vitinho. A pelota sobra para a esquerda. Aparece Marcelo, secretário executivo da ONU. O chute sai fraco. O goleiro avança. Mas a bola resvala entre suas pernas. É gooool! Que frango, hein, senhor Presidente?
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