PRÓLOGO
Foi um tempo bom aquele das viagens. Éramos uma equipe de cinco ou seis pessoas e tínhamos que dar suporte, in loco, Ã s 229 filiais espalhadas por toda a Bahia. Parece muito. - E era.
Naquele ano, 1997, um certo programa de comunicação de dados iria interligar cada uma das filiais à nossa matriz em Salvador. Isso era ótimo! Era a prova viva do milagre cibernético. A Bahia, ao contrário de boa parte dos estados do país, estaria na vanguarda tecnológica; na crista da onda.
E éramos nós, então, os carregadores de pedra daquela empreitada. De Cocos a Itacaré; de Juazeiro a Mucuri; Xique-Xique; Conquista; Barreiras; Valença... 229 municípios (uns quatro ou cinco a menos, na verdade).
O trabalho era muito simples e nada pomposo. Instalar, configurar, testar e, eventualmente, fazer alguns remendos. E apesar de formarmos um grupo, viajávamos quase sempre sozinhos; para lados distintos; semana sim, semana não; Ã s vezes quinze dias sim, quinze não. O ano inteiro.
Pessoalmente, gostava, como gosto até hoje, de estar na estrada, comendo poeira e suando no meio da gente simples desse mundão que é a Bahia. Me arrependo muito de nunca ter levado uma máquina fotográfica, um gravador, ou qualquer outro meio que tivesse mais precisão de armazenamento que a minha parca memória de viajante aprendiz. Por outro lado, penso que pode ter sido melhor assim. Nossa imaginação é sempre muito mais bela que o pontilhado das películas fotográficas, e muito mais vibrante que os sons reproduzidos por qualquer um dos nossos modernos e potentes amplificadores.
Mas, em uma dessas muitas viagens - na verdade, apenas na última delas -, resolvi ao menos escrever. E acabei contando, poucos dias após o meu retorno, as agruras passadas ao longo dos cinco dias e sete cidades do roteiro (Livramento de Nossa Senhora, Paramirim, Rio de Contas, Piatã, Barra da Estiva, Ituaçu e Tanhaçu).
É um relato verídico, mas sem o menor compromisso com formalismos literários. Apenas por uma questão de respeito à s pessoas envolvidas, seus nomes foram trocados durante um necessário trabalho de revisão, posto que algumas delas poderiam não gostar da sinceridade típica de quem escreve apenas para si. - Pelo menos até aquele momento!
(Publicado em Anedota Búlgara)
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