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cronicas-->NO FUZUÊ DA MUNHECA -- 19/07/2003 - 14:30 (LUIZ ALBERTO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Doro não toma jeito. Indagora saiu com uma das suas. Todo serelepe manifestou seu injuriamento com a sogra, fulo com a imprevidência das leis de combate ao porte ilegal de armas. O que será que tem a ver uma coisa com a outra? Nossa, não entendi exatamente o que ele queria dizer com essa relação entre armas e sogra. Coisas do Doro, mesmo. Mas o lero foi daqueles bem rebuscado. Dava para buscar nos corrupios da idéia dele os tempos remotos, desde quando o hominídeo apareceu primeiro com uma maça, aquela peça pesada de madeira, ou com arcada de animal, pronto para lascar o primeiro que desse num confronto. Depois, veio o bastão; em seguida, a acha e, daí, machados de pedra lascada, armas líticas e de ferro, arco, lanças, adagas, aríetes, gruas, catapultas, espadas, punhais, trabucos, arcabuzes, canhões, bombas, granadas, minas e mísseis, tudo para remontar o arsenal de arenga a que o ser humano consegue sempre se fazer maiúsculo num arranca-rabo da peste!
- Isso tudo, mai a minha sogra!! -, vociferou ele sem se conter.
- Não entendi, Doro....
- Ih! Esse é broco mesmo! Espie: lei a gente tem que só a porra mas o povo num dêxa de si istranhar! Certo?
- É, parece que é....
- Tumbém, inquanto houvé puliça e otoridade corrupta, o negóço num vai tê jeito que dê!!!! Falta mermo é vergonha na cara do povo!
Nossa, o Doro estava mesmo fulo da vida. Tentei contornar, mas, besteira minha, fui atiçar fogo com a vara curta.... já podia adivinhar que lá vinha toleima danada.
- Pode um negóço desses? - perguntava com boçalidade enquanto eu não conseguia esconder meu desconforto mediante sua irritadiça gritaria.
- Mas Doro, o Senado agora está votando uma lei contra o uso ilegal de armas... -, tentei aprumar a conversa na minha atrevida ingenuidade.
- Tais brincano? E tu acredita nisso, é? Quem qui manda no mundo a não ser dinhêro e arma?
- É...
- A vida num vale nada!!!!
- Eita!
- Num tó dizeno: a vida num vale um tustão furado!!!!
- Mas Doro...
- Num tem mais nem menos Doro, tem é que amolar a munheca no maluvido dos qui num quéri tomá jeito mermo!
- Então você é a favor desses tráficos, todo mundo com revólver no quarto, arrotando homência e valentia, matando tudo uns aos outros, é?
- Num só a favor de nada. Mas, ói, a quizília é da natureza humana. Todo mundo gosta de um bafafá, dum cerca-Lourenço, dum angu azedo, tudo para não perdê o prazo de validade dos estrupícios nem prá deixá a coisa ficá morna sem peitica!
- Quer dizer que, a seu ver, a paz é uma utopia?
- Craro! Todo mundo só veve ofendido um co outro?
- Eu mesmo faço parte do mundo e não vivo de litígios, Doro...
- Há! Então me arresponda: tem nicissidadi de de de.. de um Zé-borná quaiqué tá brigano pro causa de honra com cabóco qui apareça?
- Acho que não!
- Pru qui é qui todo dia omenta mai os ibope dos programa de sangui?
- Porque....
- Pro que o povo gosta de ver o circo pegando fogo!
- Não entendi...
- O povo gosta de espetáclo, sabia? Por um acauso, pruqui é que se nasci rixa?
- Desentendimentos, muitas vezes, de somenos importància...
- S´a genti fó averiguá o motivo de todo renhimento vai dá no quê?
- Muitas vezes interesses, alguns de pouca monta...
- Ranzizice mesmo!!! Por isso, todo nó só parece quando alguém qué dá!
- Não sei se isso serve como regra geral....
- Entonse, me diga: s´a lembra daquelas época do povo todo numa arena enquanto os condenados pateta enfretava leões famintos? A mesma coisa! Quanto maió o salseiro mai o pouvo gosta!!!
- Mas, Doro...
- Arrepare bem, quem é o desinfeliz-das-costas-ocas que se livra na vida de uma paulada boa no toitiço? A gente nasce, apanha prá chorá logo quano rebenta; adispois, a gente cresce e só leva beliscão prá aprendê o que é certo e o que é errado; fica maior, home-feito, se abestalha casa e se dana tudo! A gente gosta do furunfado numa priquita boa, tem coisa meió no mundo? Mulé é, saiba disso, a mió e pió coisa que inxeste!!!! De mió, só a putaria, a sacangem, eita! Bicho bão. Mas, pro outro lado, tem uma tá de sogra qui é a maior praga amulestada de todos os tempos de inxistênça humana, qui só servi para botar gosto ruim no nosso repasto.
- Que é isso, Doro?
- Verdade! Se você tivé uma sogra como a minha, vai sabê qui sogra é a pior gangrena da face da terra!
- Não diga isso....
- Verdade! Qué vê só como a minha tioria é verdadeira?
- Não diga isso, rapaz....
- Digo, redigo e num desdigo: a minha sogra é cheia de pantim! É mais cricri qui quinhentas bombas pipocando juntas e ao mesmo tempo! Si num fosse a minha santa paciênça, já tiria mandado ela prá puta-que-a-pariu!!! Si você num sabe, ela tem parentesco ou com Sadham ou com Osama, pruquê vai gostá de ingrezia assim na casa dum cachipó da ponte!
- Num diga isso!
- É verdade! Isso é uma poiquêra danada! -, reclamava ele com todos os arrudeios peculiares que costuma dar na idéia dos outros -, pode um negóço desses? Tanta lei na vida, meno uma para engaiolar sogra! Essa mulé é pió que tanque-de-guerra! Pior que tomarróqui!!! É um atraso de vida. Um dia invento uma frómula e ela desaparece de veizi da minha vida!!! Nem qui seja matando-la, disgraçada!
- Mas Doro...
- A minha sogra é um porte dessis inlegal de armas e ninguém toma providênça!
- Rapaz...
- Verdade! Inquanto a lei num toma conta de arribá essa mulé da minha vida, vou tratá-la só na lei da munheca. É maió fuzuê, bote trupé nisso! E tenho dito!
Bem, como dessa conversa não vai sair mais nada que sirva, é melhor deixar o Doro falando sozinho com seus queixumes enquanto a gente vai vivendo a vida. Bié, bié, glup, glup!

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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