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Artigos-->A lenda permanece -- 06/08/2002 - 14:55 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






Hamilton Lima - jornalista - Rondônia





Quando adolescente participei quatro vezes de formaturas no Colégio Militar de Curitiba, onde se comemorou a vitória da Democracia com a Revolução de 1964. Foram anos interessantes, 1974 a 1977.

Eu juro que não entendia nada de política e tinha que participar daquilo de qualquer jeito.

E dentro da escola militar aprendi que a sociedade civil era inferior, sem padrão moral, fraca de princípios, com tendência para a autodestruição. Somente nós, alunos de colégios militares tínhamos futuro, porque da água que bebíamos, da fonte da glória do Brasil seria encaminhada a grande nação.

Aprendi através de palestras que Chico Buarque de Holanda, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Betânia, Geraldo Vandré eram subversivos, inimigos da democracia e que se um de nós escolhesse ouvir as idéias daqueles artistas estaria com certeza do lado errado, do lado que perderia tudo com certeza.

Maravilhosas palestras com filmes e slides mostravam a inferioridade dos estudantes universitários, tolos que se apaixonavam pelo comunismo, que desperdiçavam suas vidas sem razão decente.

Ah, que doce lavagem cerebral. Às vezes acontecia uma coisa mais interessante, como a visita do ministro Betlem, entusiasmado ao ver o laboratório de química com 40 microscópios à disposição dos alunos, que surgiram milagrosamente para deixar o homem impressionado. No dia seguinte foram não sei para onde, deixando os pobres professores de Biologia com os três microscópios titulares.

Depois teve o treinamento militar, com umas manobras para dispersar multidões, especialmente os universitários. Consistia em marchar com passo de ganso, batendo pé, no melhor estilo hitlerista, com baionetas caladas para garantir a ordem e a democracia.

Ah, tempos interessantes, em que sorrateiramente os que podiam achavam um jornal estrangeiro para ler as verdades sobre o Brasil.

Mas os alunos das escolas militares tinham certeza que os civis eram inferiores, graças ao movimento democrático de 1964, que agora volta a ser comemorado.

A única pergunta que eu nunca encontrei resposta foi porque existiam civis. Se eles eram tão inferiores, por que então não se colocava fardas em todos? Será que minhas avós gorduchas entrariam num uniforme?

Ah saudosismo! Como era bom o tempo em que eu não pensava.

Bato continência para a democracia novamente, antes que seja punido por pensar.



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