O ONTEM, O HOJE E O AMANHÃ.
É próprio do homem nunca estar satisfeito. Volta os olhos ao passado com saudade, achando que "hoje tudo está diferente"; olha para o futuro, querendo modificar a situação atual, desejando progredir, desenvolver, criar, se é otimista, ou achando que tudo vai piorar, se joga no time do "não tem jeito".
Quando imaginamos o antigamente, vem-nos à mente a cidade pequena, calma, onde as pessoas se conheciam, cuidavam-se, dedicavam-se umas à s outras. Hoje, na correria própria da era cibernética, na ganància de o homem ter mais, ganhar mais, as pessoas não se conhecem, brutalizam-se. A vida agitada leva-as à angústia, à perda da tranquilidade interior.
Antigamente, faltava o fogão a gás, a panela de pressão... Mas a panela de ferro ou de barro, e o fogão a lenha ou a carvão faziam comida mais saborosa, apesar de muito sujar as mãos. Hoje, é apertar botões e o fogão se acende; acabou a fumaça. É comida congelada para passar apenas alguns minutos no micro-ondas; é o "hot dog", a comida ligeira.
Antigamente, tinha-se tempo para sentar na porta da rua; parava-se na rua para conversar, para saber da vida do interlocutor e de sua família. Hoje, é o "oi", rapidamente, é o breve aceno de mão, é a correria.
Antigamente, era o falar esmerado, o cultivo da arte literária: o prazer da leitura, os saraus, e, menos remotamente, o cinema, cheio de gente. Hoje, é o "ó meu, tá ligado?", "tó numa boa", "num tó nem aí", "fiquei sem", "deu bandeira, dançou". Campeia a gíria, o esquecimento do idioma nacional; o olho grudado na TV, o arrefecimento de valores culturais ligados à nossa história, à nossa gente.
Antigamente, também, a comunicação entre as pessoas situadas em pontos distantes era muito difícil, quando não impossível: pela falta de estradas, de transporte, de telefone, de meios outros. Hoje, é celular, fax, satélite, internet, eficiente Correio, jato, televisão, que fazem o mundo parecer tão pequeno, ser tão ligado, dando-nos possibilidade de saber dos acontecimentos tão logo ocorram, mesmo que se dêem a milhares de quilómetros.
Antigamente, era a sobra de tempo, a calma, a tranquilidade das pessoas. Hoje, é o maior conforto, apesar do corre-corre. Antigamente, era o homem vivendo menos preocupado consigo próprio, com a sua segurança. Hoje, é o homem preocupado em conseguir viver, ou sobreviver.
Mas o ontem, como o hoje, têm seus prós e contras, suas facilidades e dificuldades, suas benesses e seus óbices. O que nos cabe, mesmo, é fazer o hoje melhor do que o ontem, e o amanhã melhor ainda, pensando sempre no bem-estar do ser humano, em futuro sempre melhor para a humanidade.
João Afonso
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