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Contos-->O menino. -- 13/06/2004 - 19:55 (paula cury) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Dá. Dá. Eram suas únicas palavras. Não havia completado seu primeiro aniversário. Apontava para os livros na estante e soltava seus desafinados Dá. Dá. Dá. A mãe, gentil e carinhosa, entregava-lhe livros velhos, daqueles que ninguém mais lê.
O menino folheia cuidadosamente os livros, parecendo gente grande. Atento às letras como se lesse. Solta gritinhos ininteligíveis. Olha para a mãe e sorri.
Aprendeu a ler cedo, três, quatro anos e já recitava Fernando Pessoa, Drummond. Gostava das poesias, mas as crônicas eram suas preferidas.
Cresceu entre letras famosas.
Orgulho dos pais, preferido dos avós. Era um orador nato. Declamava, interpretava. Fazia chorar de emoção.
Com o tempo foi adquirindo conhecimento. Leu Freud, Blavatsky, Steiner, Alester e afins. Dormia abraçado com Veríssimo em um dos braços e Nostradamus feito travesseiro.
Aos sete anos, sua brincadeira preferida, bolinhas de gude. Havia visto uma das grandes no armazém do Seu Manoel, sabia o preço, 1,50, no bolso o dinheiro exato.
Entra no armazém. Seu Manoel no balcão sorridente, era tido como o “murrinha”, não fazia desconto, não vendia fiado.
O menino com olhos brilhando pergunta sobre a bolinha. Seu Manoel mostra várias. O menino pega a grande e pergunta o preço. 1,50 é o que o Seu Manoel responde.
O menino enfia a mão no bolso, pega suas moedas e as coloca sobre o balcão.
Seu Manoel conta, 1,00 justinho. Falta 0,50. O menino enrubesce, parece que vai chorar. Pousa a bolinha de gude no balcão e a olha ternamente como a se despedir de alguém querido. Começa a recolher as moedas. Uma lagrima escorre de seus olhos infantis.
Seu Manoel engole em seco. Apieda-se. Coloca sua mão sobre a mão do menino. Sorri, recolhe as moedas e entrega a bolinha de gude.
O menino sorri e agradece. Se despede e sai do Armazém.
Para trás ficou Seu Manoel, olhos marejados.
O menino já distante sorri, olha a bolinha de gude em sua mão, analisa-a. Perfeita. Coloca a outra mão no bolso, sente as moedas que ali estão.
O menino gargalha. Agora às balas. Lojinha da Dona Marta. O pacote custa 1,00. ele tem 0,50.

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