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Cronicas-->A Sarrafada -- 27/07/2003 - 10:00 (Raul Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Sarrafada

Uma das poucas coisas e, talvez mesmo, a única que eu sabia ao certo e, particularmente, a respeito dele era esta: que fora criado na casa dos Barbosa, na Av. Sebastião Diniz, e chamavam-no `Caboco´ Raul: `Caboco´, pelo sangue, externado por flagrante fenótipo índio.
Guiando uma surrada bicicleta, boné desbotado e firmemente cravado na cabeça, Raul ia passando por mim em enérgicas pedaladas...
- `Caboco´ Raul! - acenei com súbita alegria.
- Oi!... - virando-se em gesto de aguda surpresa.
Adentrei meu modesto Ford Ka. Ao passar por meu xará, lobrigou-me, curioso. E, não sei se me reconhecendo ou não, sinalizou-me com o polegar positivamente...
Sendo às oito horas de sábado, estando a Av. Benjamin Constant quase erma, o reconhecimento foi natural.
Volveu-me prazerosa reminiscência:
O futebol me extasiava, tinha algo de magia. Menino, morando nas proximidades, às tardes, sempre arranjava um jeito de acompanhar quase todos os treinos no velho João Mineiro: Piauí, Chico do Baré, `Caboco´ Raul, Mão-de-Remo, Adauto, Tracajá, Ribeirão, Raimundo Mestre, Guilherme, Chico Cafute etc... A pouca idade não me permitiu ver o Caveira conduzir a bola mágica, diziam-no ser bom jogador. Mas bom de estórias também o era. Rodeado por velhos colegas, sob o meu olhar sempre atendo e aguçados ouvidos, Caveira contou, com a mestria que lhe era peculiar, o seguinte causo:

- Era uma daquelas tardes de estádio cheio, a seleção local enfrentava uma forte seleção da Guiana Inglesa. Os Negros mandavam no campo: dois a zero nos primeiros vintes minutos. A jogada deles, previsível, mas eficiente, passava pela ponta direita, onde um Negrão de um metro e oitenta e tantos, cavava a linha de fundo em alta velocidade e cruzava mortalmente por sobre nossa área. `Caboco´ Raul, do banco, pós-se em aquecimento. Sob a orientação do técnico, com sua conhecida virilidade e os pés guarnecidos por uma chuteira quarenta e quatro bico largo, foi incumbido de parar a jogada letal do Negrão. Com a permissão do juiz, adentrou ao campo, que não era gramado. O jogo recomeçou... Passando pelo primeiro adversário, o Negrão, literalmente, colidiu com o `Caboco´ Raul... Uma densa poeira cobriu o calor da cena. De súbito, ouviram-se fortes gemidos e imprecações:
- Ai, ai!... Negro filho da p... - `Caboco´ Raul, estendido de borco, segurava, trêmulo de dor, a canela direita que sangrava, acompanhada de visível inchaço.
O Negrão, sem nada sofrer, mas atónito, procurava a bola...
Sem o seu presumível guarda-roupa , às voltas com uma possível fratura óssea, a nossa seleção, sem poder matar a jogada tantas vezes fatal, amargou uma forte goleada...

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