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Poesias-->MULHER BONITA -- 09/04/2005 - 22:49 (débora cristina denadai) |
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Neste dia inominável
em que a tua ausência
deixa um espaço filho da puta
entre a sanidade e a demência,
esta mulher desmiolada
tem um ataque de inconsciência
e resolve faxinar a casa.
Limpa prateleiras, revira gavetas,
olha escritos antigos,
murmura e faz caretas
e segue na estupidez mórbida
de desenterrar os mortos.
Assombrada por almas-penadas
e outras tantas sem pena,
de tudo vai chegando a nada
e acaba saindo um poema.
E descobre que é verdade
o que tu vives dizendo:
é bela, em realidade
e este é um peso tremendo.
Descubro que sou bonita
e não vejo graça na história.
Esta coisa é meio esquisita
e de acordo com a memória
não foi lá grande vantagem.
Só uma mulher bonita
consegue entender a outra.
Sempre acham que faz fita,
que é sonsa, meio tonta.
Só uma mulher bonita
sabe a merda que é
não conseguir ficar quieta,
esquecida num canto qualquer.
Só sendo bonita
a gente descobre
como dói a beleza.
Se a gente nega o que é,
trata-se de falsa modéstia.
Se assume a beleza que tem
vira metida a besta.
Ser bonita pode ser muito bom.
Pra quem ganha algum com isso.
De resto, é muito melhor ser comum.
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